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Baixo Mondego

Mudar aldeias das zonas ribeirinhas? Autarca alerta para tarefa “muito difícil”

24 dez, 2019 - 10:50 • Redação

Emílio Torrão lembra que estas pessoas têm "uma cultura de cheia" e que o problema reside no agravamento destas situações devido às alterações climáticas.

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O presidente da Câmara de Montemor-o-Velho considera que não é uma preocupação imediata mudar as povoações que vivem junto ao rio Mondego, sublinhando que será “muito difícil” retirar as pessoas dos locais onde vivem.

À RTP, Emílio Torrão respondeu à ideia avançada pelo ministro do Ambiente, que admitiu a mudança das aldeias em zonas ribeirinhas para lugares mais seguros.

O autarca diz que essa é uma ideia a ponderar, mas difícil de levar à prática. “Na prática, é muito difícil tirar as pessoas das suas residências quanto mais mudar as pessoas do seu local habitual.”

Nestas declarações lembrou que estas pessoas já têm uma cultura de cheia e estão habituadas a vivenciar este tipo de situação. “O problema é quando este tipo de fenómeno se agrava cada vez mais com as alterações climáticas”, sublinha.

Para o autarca, a mudança é “uma via de pensamento mas não é aquela que está no imediato na ordem do dia, porquanto, é uma tarefa quase impossível”.

Situação de cheia está a estabilizar

A situação de cheia no Vale do Mondego está a estabilizar, mas o nível da água está "a baixar muito lentamente", afirmou o presidente da Câmara.

A autarquia do distrito de Coimbra está neste momento a fazer a monitorização de todo o vale afetado pelas cheias do Mondego, sendo que a localidade de Ereira "é o único sítio onde a água está a subir, mas apenas um centímetro", disse à agência Lusa o autarca Emílio Torrão.

As populações afetadas no vale central do Baixo Mondego "ainda estão com problemas, porque a água vai demorar a baixar", mas "as coisas vão melhorando".


Depois da passagem das depressões Elsa e Fabien, no Baixo Mondego, Emílio Torrão diz que não vai abdicar da reconstrução dos diques que romperam e provocaram imensos prejuízos. Contudo, não vai pedir o estatuto de calamidade pública.

Na mesma entrevista à RTP, o ministro do Ambiente garante que a manutenção dos diques tem sido feita e isso evitou consequências mais devastadoras no Mondego.

João Pedro Matos Fernandes confirma ainda que os diques suportaram uma pressão de água muito superior àquela para a qual tinham sido projetados depois de uma intensidade de chuva completamente fora do normal. “Se nos aguentámos razoavelmente foi precisamente porque tivemos todo este trabalho de manutenção e ultrapassados os limites do projeto, houve ruturas em dois pontos, o que lamentamos mas que seriam inevitáveis”, concluiu.

Os efeitos do mau tempo, que se fazem sentir desde quarta-feira, já provocaram dois mortos e um desaparecido e deixaram 144 pessoas desalojadas e outras 352 deslocadas por precaução, registando-se mais de 11.600 ocorrências, na maioria inundações e quedas de árvores.

O mau tempo, provocado pela depressão Elsa, entre quarta e sexta-feira, a que se juntou no sábado a depressão Fabien, provocou também condicionamentos na circulação rodoviária e ferroviária, bem como danos na rede elétrica, afetando a distribuição de energia a milhares de pessoas, em especial na região Centro.

A associação ambientalista Quercus disse que já em 2018 tinha antecipado um cenário de cheias no Baixo Mondego decorrente da deposição de inertes após as obras de desassoreamento da albufeira do açude-ponte em Coimbra.

“A Quercus relembra que esta era um cenário que antecipámos. Lamentavelmente, os alertas de nada serviram e centenas de pessoas veem as suas casas em risco”, refere aquela associação, numa nota.

No documento, a Quercus anexa um comunicado divulgado em 25 de julho de 2018, com o título “Construção de aterro do rio Mondego é um absurdo - Quercus alerta para o risco de cheias no baixo Mondego”.

Comentários
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  • 24 dez, 2019 18:51
    Sinceramente, estas declarações do Senhor Autarca e do Senhor Ministro não deveriam aparecer hoje, pelo simples fato de ser Natal. Fico TRISTE ao ler declarações destas. Como é possível neste País as Pessoas não PARAREM e REFLETIREM para depois poderem actuar com exatidão. Não são os LEITOS dos RIOS os VERDADEIROS CULPADOS. Há quanto tempo e QUANTAS VEZES já disse aqui onde está o GRANDE MAL? Quando os RESPONSÁVEIS deixarem de OLHAR apenas através dos (............) e aceitarem IDEIAS " VÁLIDAS " de outros, fenómenos como os INCÊNDIOS e ESTES (CHEIAS) serão bem menores. Repito, o mal não está nos RIOS nem nas ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS. De novo, Festas Felizes para Todos.

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