07 jun, 2020 - 19:16 • Lusa
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O líder do PCP admite que não tem ilusões quanto à eficácia no "curto prazo" para do plano do Governo para responder à crise causada pela pandemia da Covid-19, atacou "insuficiências", mas registou "aproximações" dos socialistas.
Jerónimo de Sousa escolheu o regresso do partido aos comícios, em Lisboa, no parque Eduardo VII, para fazer uma crítica severa ao Programa de Estabilização Económica e Social (PEES), por nada prever, por exemplo, quanto à proibição dos despedimentos.
"Ficou aquém na resposta que se exigia para combater o vírus do crescimento do desemprego. Desde logo não assumindo a proibição de despedimentos neste período, nem a reposição dos vínculos de todos os trabalhadores entretanto despedidos", afirmou, num discurso de 30 minutos a algumas centenas de pessoas, num comício em que os militantes, grande parte deles com máscara, ficaram a alguma distância uns dos outros.
Jerónimo de Sousa mostrou-se cético quanto ao PEES, embora nada tenha dito quanto a um sentido de voto dos comunistas no parlamento sobre o Orçamento Suplementar, que é apresentado esta semana.
"Não temos ilusões em relação à eficácia do Programa de Estabilização com as suas insuficientes medidas de curto prazo, para conter e impedir no imediato os previsíveis perigos que estão presentes na realidade portuguesa", admitiu.
E deu depois os exemplos das áreas em que acreditar que dê resposta: "Os riscos das falências, a redução significativa do poder de compra da população e evitar os seus impactos negativos no plano social e económico, as limitações nos serviços públicos que impedem a resposta que seria agora exigida e necessária; os processos de ainda maior concentração e centralização de capital."
O líder comunista registou uma aproximação do executivo de António Costa "em relação a propostas" do partido, "como a do aumento da proporção do salário pago em situação de 'lay-off'" ou "a suspensão do Pagamento por Conta para as Micro, Pequenas e Médias Empresas (MPME), como o apoio aos sócios-gerentes" ou ainda na "melhoria das condições de acesso ao subsídio social de desemprego e ao RSI".
Ou ainda na proposta de criar "uma prestação social de apoio extraordinária de 438 euros a todos aqueles que ficaram sem qualquer meio de subsistência e não têm resposta nos apoios atuais".
"Indo ao encontro da nossa iniciativa, o Governo acolheu-a para os trabalhadores independentes, mas deixou muitos trabalhadores de fora, alguns com vínculos de trabalho atípico e sem solução", referiu, prometendo que o PCP vai "continuar a lutar para garantir a sua aplicação de forma ampla".
Apesar das críticas e de reconhecer as "aproximações" ao PCP quanto ao PEES, que servirá de base ao Orçamento Suplementar, que esta semana será entregue no parlamento, Jerónimo de Sousa nada disse sobre a posição dos comunistas quanto ao documento.
Na sexta-feira, no parlamento, o PCP remeteu para mais tarde uma posição sobre o orçamento.
Os militantes do PCP, na sua maioria com máscaras, foram chegando aos poucos ao alto do parque Eduardo VII, em Lisboa, para participar num comício em tempo de pandemia com lugares marcados por bandeiras vermelhas.
O espaço, um anfiteatro em relva, com metros de fitas a marcar os lugares, organizado por sectores, de A a F, junto à Avenida Cardeal Cerejeira, perto do monumento ao 25 de Abril de Cargaleiro, foi-se enchendo a partir das 16:00.
Um “grupo de camaradas” com folhas na mão, como dizia o animador do comício, estavam no recinto para “ajudar a enquadrar” os “camaradas e amigos” e encontrar os locais de cada um”, separado por metro e meio ou outras vezes menos, conforme iam conversando ao som da música de Sérgio Godinho, Carlos Paredes ou Xutos e Pontapés.
Às 16h30, meia hora antes do início do comício com o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, o animador lá foi pedindo que “os camaradas” fossem para os seus lugares.
Este é um comício feito num “quadro particular”, a covid-19, palavra que não foi dita, e os comunistas apelaram aos comunistas que contribuam “para que tudo corra pelo melhor”, no respeito pelo distanciamento entre os presentes.
Qual o número de pessoas previstos para o comício? Isso é algo que nem a organização do comício ou o gabinete de imprensa revelam.