17 abr, 2025 • Tomás Anjinho Chagas
O PCP defende o desarmamento "geral, simultâneo e controlado" das potências militares para estabelecer uma paz duradoura.
Durante o debate Visto de Bruxelas, da Renascença, que juntou eurodeputados do PSD, Bloco de Esquerda e PCP, João Oliveira, eurodeputado comunista, apresentou aquela que considera ser a única forma de chegar à paz na Ucrânia, e mantê-la depois disso.
"O desarmamento tem de ser geral para que não fiquem só uns a desarmar-se enquanto os outros se armam até aos dentes, simultâneo, para que não haja diferenças no faseamento do desarmamento e controlado, com mecanismos eficazes e efetivos de controlo da forma como o desarmamento vai sendo feito", defende o eurodeputado do PCP.
João Oliveira defende que "não é inventar a roda" e argumenta que o mundo sabe a devastação em que acabaram as duas guerras mundiais no século XX.
Já o PSD afirma que não há diálogo que resolva o conflito na Ucrânia neste momento. Paulo Nascimento Cabral, eurodeputado social-democrata, argumenta que neste momento os Estados Unidos e a Rússia só respeitam a força das armas.
"Temos entidades que não respeitam as leis das Nações Unidas, nem o próprio secretário-geral da ONU, estou a falar da Rússia, dos EUA e de uma série de outros membros. Como é que nós, União Europeia, achamos que vamos conseguir as coisas pelo diálogo?", atira o eurodeputado do PSD.
Paulo Nascimento Cabral vinca que as sanções e as tentativas de diálogo não têm surtido efeito na Rússia, e é por isso que suporta o plano de rearmamento de mais de 800 mil milhões de euros, para investir no setor da defesa na União Europeia.
Por seu lado, o Bloco de Esquerda acusa a União Europeia de estar a ceder a interesses económicos da indústria das armas.
Catarina Martins, eurodeputada bloquista e ex-coordenadora do partido, vinca que continuamos a exportar armas, mesmo com o conflito na Ucrânia em andamento.
"Enquanto está a decorrer a guerra na Ucrânia a indústria de armamento europeu produz tantas armas que nunca parou de exportar, e é um dos maiores exportadores de armas do mundo", argumenta a bloquista.
Catarina Martins defende uma articulação da defesa europeia, mas considera que a União Europeia não precisa de comprar mais armas para se defender.
Quanto às tarifas impostas por Donald Trump, o Bloco de Esquerda defende o investimento no setor dos transportes públicos. Catarina Martins acredita que dessa forma, a Europa diminuiria a dependência dos combustíveis fósseis norte-americanos e também uma forte aposta na área dos medicamentos
Paulo Nascimento Cabral, eurodeputado do PSD, afirma que a Europa não pode ser exigente com os seus próprios produtos, e depois ser permissiva com os produtos que importa. E dá o exemplo no setor da agricultura e com as regras para produção.
"10% dos produtos importados apresentam resíduos de substâncias que nós não produzimos na UE e que até nós proibimos na União Europeia", exemplifica o deputado no Parlamento Europeu eleito pelo PSD.
O PCP acredita que a União Europeia deve olhar para si e Portugal deve fazer o mesmo. João Oliveira considera que quanto maiores forem os salários, maior vai ser o poder de compra, e menor a dependência do consumo norte-americano.
Estas foram ideias deixadas durante o debate Visto de Bruxelas", organizado pela Renascença esta terça-feira à noite e que pode rever aqui.