03 jan, 2025
Nesta sexta-feira encontram-se Vitória e Sporting, em jogo da 17.ª jornada do campeonato. O duelo vale ainda mais pelo regresso de Rui Borges ao D. Afonso Henriques. Depois de sair da cidade-berço ‘à la Amorim’, os vimaranenses aguardam pacientemente para receber o seu ex-treinador com o carinho que certamente os homólogos de Alvalade também receberiam o agora treinador do Manchester United.
Como herança, Rui Borges deixou a Daniel Sousa um Vitória no 6.º lugar e ainda com o apuramento para as eliminatórias da UEFA Conference League. Após a chegada a Alvalade, Borges venceu o Benfica e devolveu os leões ao primeiro lugar da tabela.
Já Daniel Sousa comanda o segundo clube minhoto da temporada, após breve passagem pelo SC Braga. Depois de ter conseguido ser a sensação do campeonato na época anterior, em Arouca, tenta replicar o sucesso numa equipa com outras ambições. Empatou em Faro e o ponto soube mesmo a derrota, tal foi a superioridade durante o jogo.
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É cedo, bem sei, mas há traços coletivos que se podem já identificar nas duas equipas. Ambas privilegiam a bola, tentam atrair o adversário a zonas chaves e subjugá-lo às suas intenções. Já vou concretizar a ideia, mas o principal é mesmo isto: o jogo desta sexta-feira será uma boa bandeira daquilo que se pode e se quer fazer na nossa principal Liga.
Começo pelo Vitória.
Atrair muitos jogadores a um lado, com o lateral do lado contrário (DE) bem aberto e o extremo do lado contrário entrelinhas (EE), está no plano. A ideia passa por ligar no médio centro, bem subido e a fixar a última linha adversária, para que este, a um ou dois toques, liberte o extremo na profundidade.
Assim, Daniel Sousa garante que pelo menos a linha adversária está comprometida com o lado da bola, caso surja espaço para a variação. Isto pode ser um problema para o Sporting.
Outra nuance do novo jogo vitoriano é algo que, já vindo de Rui Borges, ganha expressão com Daniel Sousa: os passes verticais rasteiros dos centrais para os médios que entrelinhas tocam no jogador que aparece de frente.
Semelhante ao Arouca, Daniel Sousa descobriu em Tiago Silva um jogador para desempenhar as funções que outrora pertenceram a Pedro Santos. Médio a baixar para o meio dos centrais e construção a três, muito útil para descobrir a largura frente a linhas de 4.
Há superioridade 3x2 entre centrais e avançados, o que facilita a construção, e os homens na largura são constante ameaça à forma de defender do novo Sporting. Algo a ser explorado.
Quanto ao Sporting, novo sistema, linha de 4 defesas e Francisco Trincão como médio centro no regresso do 4-3-3 a Alvalade. Trincão e Morita como médios desempenham funções algo diferentes, mas ambos pedem muito a bola no espaço, em movimento contrário ao extremo, que vem em aproximação.
Algo que se mantém após a saída de João Pereira é a utilização de Viktor Gyökeres como parede, para libertar os extremos de frente.
Para acabar, e algo que pode ser chave tanto no Sporting como no Vitória, é a forma como a equipa que constrói descobre o 6. Ou seja, como ambas as equipas pressionam em 4-4-2, há sempre uma indefinição grande sobre quem pressiona o centrocampista mais recuado. Em construção em campo aberto, pode ser o avançado do lado contrário, ou um dos médios, como Morten Hjulmand fez contra o Benfica e Florentino, embora chegasse um bocado atrasado.
A equipa que conseguir mais facilmente fazer a bola chegar ao 6 e definir com critério e progredir no campo, terá vantagem. É um bocado por aí, a ideia passa por atrair dentro para jogar por fora.
A equipa que conseguir mais vezes fazê-lo, vai empurrar o adversário para a sua baliza. Tem vantagem aqui o Sporting porque neste capítulo Hjulmand é mais capaz do que Manu Silva.