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Opinião

Barreiro, Florentino e Aursnes: os problemas (e as virtudes) de um meio-campo assim

16 jan, 2025 • Afonso Cabral* • Opinião de Afonso Cabral


O treinador e comentador Bola Branca Afonso Cabral explica o que funcionou e não funcionou e passou a funcionar no São Luís, em Faro.

Na última terça-feira, o Benfica apurou-se para os quartos de final da Taça de Portugal após bater o Farense no Algarve por 3-1. Reviravolta após o golo de Tomané e dinâmicas novas com a introdução de Barreiro, Aursnes e Florentino no 11. Respeito pelo adversário e uma ideia tática adaptada ao São Luís, como Bruno Lage reforçou na conferência de imprensa pós-jogo.

Após o golo madrugador do Farense, a equipa de Tozé Marreco afundou-se no campo. Disposta em 5-4-1, procurou defender o espaço entre linhas e proteger-se em momento de cruzamento. A partir da desvantagem começavam as dúvidas face à incapacidade ofensiva do trio do corredor central encarnado.

Em teoria, a construção do Benfica seria algo deste género. Porém, di María ora pedia em largura para o tradicional movimento de fora para dentro, ora empurrava Aursnes para a linha para poder pedir dentro. Daria para os dois na estrutura pensada por Lage, mas não foi cumprido o posicionamento durante a primeira parte.

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E, afinal, o que se pode espremer de Florentino, Barreiro e Aursnes juntos?

  • Muita capacidade de pressão com Aursnes a juntar-se a Arthur Cabral e Florentino+Barreiro a acompanharem os médios adversários num 4-4-2. Mais atrás, campo coberto com enorme abrangência e muita capacidade de ganhar segundas bolas, sobretudo pela aproximação da dupla do miolo.
  • Em proteção de cruzamentos, Florentino ficava livre para as segundas bolas à frente dos dois centrais, prevenindo também movimentos de rutura, e Barreiro protegeu a entrada da área de forma mais agressiva do que com Kökcu quando está em campo.

Se defensivamente a abordagem foi eficaz, ofensivamente nem por isso. Porquê?

  • Com bola, Barreiro a construir perto dos centrais é diferente de Kökcu. A fazê-lo pela esquerda praticamente tirou do jogo Carreras e Schjelderup, porque orientou sempre a receção para dentro com o seu pé direito e permitiu que fosse pressionado de frente. Quando não era pressionado, não teve o mesmo critério que o turco, nem no passe nem na condução.
  • Depois, há o desconforto que o luxemburguês sente em jogar dentro do bloco adversário. ‘Atropelou’ Florentino na procura do espaço certo e na primeira parte di María e Aursnes tentaram pegar no marasmo que foi o corredor central encarnado. O problema: quando pegaram no jogo, o espaço entre linhas deixava de estar ocupado e os dois médios, Florentino e Barreiro, não tiveram a qualidade necessária para a ligação.

O desconforto de Barreiro dentro do bloco adversário foi tal que sempre que a bola rodava da direita para a esquerda – e à partida quando este iria ser solicitado – rapidamente baixava para perto dos defesas para encarar o jogo de frente.

Na segunda parte, o ajuste de Lage e a entrada de Amdouni criaram uma nova estrutura após conversa com o treinador. O 3-1-6 deu frutos quase imediatos, com o golo de Schjelderup a ser conseguido graças a uma estrutura coletiva e um posicionamento de Barreiro mais agressivo e colado à linha. Amdouni em corredor central, Aursnes na meia-direita e o quadrado do meio-campo virou um losango com Florentino a segurar as pontas no momento da perda de bola.

Fica a dúvida se o trio foi causado por uma gestão física ou se veio para ficar…

*Comentador Bola Branca

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