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Opinião de Afonso Cabral
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Opinião

​O Forest de Nuno Espírito Santo, o rei do contra-ataque

29 jan, 2025 • Opinião de Afonso Cabral


O treinador e comentador Bola Branca desmonta e analisa o Nottingham Forest de NES, o terceiro classificado da Premier League.

No início da temporada poucos esperavam ver o Nottingham em terceiro lugar da Premier League no final de janeiro. Experimentado na liga, o treinador português Nuno Espírito Santo abraçou um projeto que se diria ter o objetivo de voltar a competir no maior escalão inglês na época seguinte.

O defeso foi calmo, houve pouco alarido e a transferência mais sonante foi Eliott Andersen, por cerca de 40 milhões de euros, um valor suavizado pela transação em sentido inverso de Vlachodimos, que terminou no Newcastle.

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O ‘king of counter-attack’, apelidado pelos comentadores britânicos, teve a pré-temporada para se focar no que queria da sua equipa, consolidou processos e, sem espinhas, abdicou da bola para se aproximar das vitórias.

O Nottingham Forest é a equipa da liga com menos percentagem média de posse de bola e com menos passes efetuados por jogo, num corte radical com o que se vai praticando numa liga cada vez mais ‘guardiolizada’, em que quase todos jogam a partir de trás e pressionam alto.

O guarda-redes Sels opta quase sempre por bola longa, criteriosamente apontada ao ponta de lança Wood, para que penteie para um dos extremos nas costas ou toque para um dos médios de frente.

Solidez defensiva e uma estrutura de 4-2-3-1, que já havia experimentado no FC Porto e no Al-Ittihad, em mais uma ruptura, agora com o 5-4-1 que popularizou em Wolverhampton. Independentemente da estrutura, sempre “fiel às suas ideias”, disse à página “Coaches' Voice”.

Detalhando taticamente:

A equipa posiciona o seu bloco de forma baixa na estrutura habitual da equipa ou em 4-1-4-1. O avançado e a linha de 3 previnem sobretudo as linhas de passe que ofereçam progressão ao adversário.

Dá-se tempo e espaço aos centrais adversários, mas retira-se-lhes as soluções (imagem 1). Os dois médios ‘varrem’ o espaço entrelinhas e, se a bola chega ao corredor, podem entrar na linha defensiva para ajudar na proteção de cruzamentos.

O extremo do lado contrário e o ponta de lança ficam sempre à espera de uma recuperação de bola para serem os lançadores do contra-ataque (imagem 2, em baixo).

Com bola, Gibbs-White, Hudson-Odoi e Elanga são os principais destaques. Elanga aproxima-se muitas vezes do corredor central para dar o corredor ao lateral direito da equipa, mas sobretudo para se aproximar dos outros dois.

Coletivamente, não só sem bola se destaca este ‘Leicester moderno’. Na transição está tudo bem estruturado para criar vantagens em situações de igualdade numérica.

O primeiro golo contra o Wolves é um excelente exemplo disso: condução, 3x3 e Morgan Gibbs-White a abrir em Elanga, que trava o seu movimento. Aí, o central do meio tem duas decisões a tomar: ou dá cobertura ao central que acompanha Elanga e abre o passe atrasado, o que acontece segundos antes do remate vitorioso do 10 do Forrest, ou marca homem a homem e deixa o seu colega num 1x1. A imagem seguinte ajuda a interpretar.

Ainda sobre um dos pilares do seu jogo – a capacidade de manter a baliza a zeros –, Nuno Espírito Santo diz que há apenas um segredo e, ao contrário de Ranieri que oferecia pizza aos jogadores do Leicester quando isso acontecia, este é bem mais simples: trabalhar mais no dia seguinte.

Duas vezes treinador do mês, o português desmistifica as fórmulas exatas e brilha em Inglaterra com um futebol contracorrente.

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  • agencia
    30 jan, 2025 https://www.agenciademarketingdigital.net.br/ 21:21
    muito bom