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Mariana Vieira da Silva fora da corrida autárquica. “Não estarei disponível para concorrer a nenhuma câmara”

15 jan, 2025 • José Pedro Frazão , Susana Madureira Martins


A dirigente do PS diz na Renascença que “não está, nem nunca esteve em cima da mesa, nenhum outro desafio autárquico” para além de Lisboa. Deseja “boa sorte” a Alexandra Leitão porque “é preciso derrotar Moedas”.

Mariana Vieira da Silva fora da corrida autárquica. “Não estarei disponível para concorrer a nenhuma câmara”
Mariana Vieira da Silva fora da corrida autárquica. “Não estarei disponível para concorrer a nenhuma câmara”

Fora da corrida a Lisboa, a dirigente do PS Mariana Vieira da Silva não está disponível para ser candidata às autárquicas deste ano. Depois de o líder do partido, Pedro Nuno Santos, ter escolhido Alexandra Leitão para concorrer à câmara da capital, a ex-ministra é taxativa: “Não estarei disponível para concorrer a nenhuma câmara”.

Em declarações ao programa Casa Comum, da Renascença, Mariana Vieira da Silva justifica que “não está, nem nunca esteve em cima da mesa, nenhum outro desafio autárquico” que não fosse o de Lisboa, para o qual estava apontada há meses como sendo a escolha mais provável. Não foi e a ex-ministra da Presidência deseja agora “boa sorte” e “bom trabalho” a Alexandra Leitão.

“Conheço há muitos anos a Alexandra Leitão, acho que ela tem muitas qualidades e desejo-lhe tudo de bom trabalho e de boa sorte, porque acho que é preciso derrotar Moedas”, diz Mariana Vieira da Silva, que garante gostar do que faz no Parlamento onde diz estar “bem” e promete continuar.

Cai, assim, por terra qualquer possibilidade de Mariana Vieira da Silva concorrer por outra autarquia, numa altura em que o PS-Lisboa mantinha a esperança de recorrer à ex-ministra da Presidência para encabeçar a corrida a Sintra, apesar de o nome de António Mendonça Mendes já ter sido dado como certo, tal como já escreveu a Renascença aqui.

Património de Medina “deve ser defendido”

Associada a uma ala mais moderada do PS e ligada ao círculo mais próximo do ex-presidente da Câmara de Lisboa Fernando Medina, Mariana Vieira da Silva pede ao próprio partido que defenda o “seu património político, como qualquer instituição”.

Questionada sobre a provável coligação do PS com os partidos mais à esquerda e sobretudo com um Bloco de Esquerda que assume que quer romper com o consulado de Medina em áreas como a habitação, Mariana Vieira da Silva diz que é preciso compreender “que o seu legado faz parte da sua história, deve ser defendido”.

Se essa defesa não existir, avisa a dirigente do PS – que faz parte do Secretariado Nacional de Pedro Nuno Santos - não há “condições para crescer”, aconselhando a direção nacional a ir “realçando as partes boas e apresentando alternativas e mudanças para aquilo que é preciso ainda mudar”.

Se a coligação autárquica em Lisboa significar um corte com a era Medina, a ex-ministra da Presidência avisa que não se revê “em ajustes de contas com o passado”, antevê que não “seja uma boa saída para o PS”.

Mariana Vieira da Silva aconselha Alexandra leitão e Pedro Nuno que as conversas com o Bloco de Esquerda “têm de ter em conta o peso que cada um dos partidos tem nessas negociações”. E os bloquistas têm um peso “menor”, salienta a dirigente socialista.

O acordo pré-eleitoral com o Bloco e o Livre deve, assim, basear-se no mesmo princípio com que foi construída a geringonça no primeiro governo de António Costa, ou seja, acordar naquilo que é possível acordar e no resto cada um por si.

Isto resulta num modelo: “Isto é aquilo em que nós concordamos e nestes termos não estamos de acordo e não podemos contar com os votos uns dos outros”, resume Mariana. A “mesma lógica” foi usada por Costa no Governo, com bons resultados para o país e também para o PS”, conclui.

Acordo à esquerda não implica “perda de identidade”

Questionada sobre um eventual acantonamento do PS à esquerda e a perda do eleitorado do centro, na sequência de coligações pré-eleitorais com Bloco e Livre, Mariana Viera da Silva lembra que, em Lisboa, a solução nem sequer é inédita, lembrando a presidência de Jorge Sampaio na autarquia que resultou de um acordo, por exemplo, com o PCP.

“Nunca isso implicou na nossa história a perda de identidade e ninguém olha, por exemplo, para o mandato de Jorge Sampaio como Presidente da Câmara de Lisboa com esse contexto e por isso um acordo não significa uma descaracterização, significa a capacidade de trabalhar numa plataforma comum”, que no entender de Mariana Vieira da Silva “é sempre mais fácil a nível local do que a nível nacional”.

A dirigente do PS pede pressa a Alexandra Leitão na corrida a Lisboa. “Aquilo que há a fazer agora é começar a trabalhar num programa”, diz Mariana Vieira da Silva, considerando que a cidade “precisa mesmo de mudar”, porque “tudo o que há de mais novo em Lisboa nasceu nos mandatos passados”.

Uma “incógnita” chamada Chega

Com dezenas de autarcas em limite de mandatos, o PS vai para as eleições autárquicas deste ano com uma “diferença”. Ninguém sabe, à partida, quanto vale o Chega numas eleições locais e que mossa é que o partido liderado por André Ventura poderá provocar nos partidos tradicionais.

“Como é que será a tradução da força que o Chega, entretanto, ganhou no nosso espaço político para um contexto autárquico”, admite Mariana Vieira da Silva. A pressa da dirigente socialista em arrancar com a corrida em Lisboa, e não só, também passa por aí.

“É preciso os partidos começarem a trabalhar” para umas autárquicas em que se prevê “muita indefinição até ao dia das eleições”, admite Mariana, porque é uma incógnita “como é que o Chega, sem ser com a figura de André Ventura, vai comportar-se em eleições autárquicas”.

Trata-se de “uma incógnita verdadeira” o que vai acontecer nos 105 municípios que obrigatoriamente mudam de presidente de Câmara, “mesmo que não mudem de partido” e isso, aconselha Mariana Vieira da Silva, “exige um trabalho que precisa de começar já, um trabalho que deve ser programático”.

Uma pressa reiterada por Mariana Vieira da Silva, tendo em conta as “dificuldades” das autarquias num processo de descentralização “com mais competências do que tinham há alguns anos”.

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  • ze
    15 jan, 2025 aldeia 17:17
    ainda bem!.........