05 mar, 2025 • Tomás Anjinho Chagas
Com o país mergulhado numa nova crise política e eleições antecipadas à vista, Mariana Vieira da Silva, deputada e dirigente do PS considera que o primeiro-ministro é "o único responsável" pela provável queda do Governo, na sequência das várias notícias em torno da Spinumviva, a empresa que passou a ser dos filhos de Luís Montenegro esta quarta-feira.
Durante o Casa Comum, programa da Renascença, a antiga ministra e número dois do Governo de António Costa. lamenta que o primeiro-ministro não tenha sido capaz de dar as explicações exigidas pela oposição, classifica como "trágica" a gestão política deste caso e considera que a transparência teria sido a única forma de evitar o que agora se avizinha.
"Num momento de dificuldade, até do próprio Luís Montenegro sobre a sua casa, uma total transparência e clareza e a disponibilização de responder a todas as perguntas é o único caminho, e Luís Montenegro não o escolheu. É ele o único responsável", atira Mariana Vieira da Silva.
Além disso, a dirigente socialista considera que perante o provável chumbo da moção de confiança anunciada pelo primeiro-ministro, Marcelo Rebelo de Sousa só pode convocar eleições antecipadas, e lembrando que recentemente foi o que fez mesmo quando António Costa queria colocar Mário Centeno no seu lugar.
"A história dos últimos anos e das sucessivas dissoluções do Parlamento também cria um critério para este Presidente da República. Não vejo nenhuma alternativa, no caso do chumbo da moção de confiança, a que haja eleições. Para o PS é muito importante que estas eleições se realizem sem ser para impedir que nós possamos esclarecer tudo o que há a esclarecer", advoga a antiga ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva.
Na mesma linha está Duarte Pacheco, antigo deputado do PSD e membro habitual deste painel. O social-democrata lembra que uma nova crise política prejudica sempre o país.
"Ao Presidente só lhe resta seguir aquilo que foi a sua doutrina, perante a queda do Governo, convocar eleições. Não temos outra opção e os portugueses serão chamados a votar. Claro que perdemos, por exemplo no PRR ou na recuperação económica. Sabemos que os investimentos param sempre que há um ato eleitoral", vinca o antigo dirigente do PSD.
O ex-deputado do PSD reconhece que "estávamos a viver uma situação pantanosa e não era o sumo desta moção de censura que ia resolver o problema". No entanto, Duarte Pacheco considera que ninguém parece ter vontade de se colocar no caminho de Luís Montenegro para que ele não seja o candidato do PSD e justifica-se.
"Em primeiro lugar venceu, não há muito tempo, o Congresso do PSD com uma vitória esmagadora. Em segundo lugar, ele deu as explicações e todas as estruturas e os órgãos do PSD assumem que são suficientes e convincentes. Nesse sentido, não estou a ver alguém a questionar que seja ele o candidato a Primeiro-Ministro", afirma o antigo deputado do PSD.