17 abr, 2025 • José Pedro Frazão
O antigo deputado do PSD Duarte Pacheco defende que as propostas económicas da AD têm "falhas de credibilidade".
No programa Casa Comum, o social-democrata, especialista em questões económicas, diz que as previsões de crescimento económico apresentadas por Luís Montenegro "têm uma utopia, um sonho, com muitas dúvidas que seja concretizável".
Duarte Pacheco cita a revisão em baixa do crescimento económico apresentada pelo Conselho de Finanças Públicas para sustentar a sua crítica ao cenário macroeconómico do programa eleitoral da AD.
"No momento em que o Conselho fez as suas provisões, ainda não incorporaram aquilo que podem ser as consequências da guerra comercial que pode levar a uma recessão global. Portanto, o cenário real pode ser pior do que aquilo que o Conselho de Finanças Públicas prevê. E a seguir, o PSD apresenta um cenário 'super melhor' do que aquilo que as entidades independentes preconizam. Logo aí, temos que pensar que deve haver 'magia'. Deus queira que sim, porque se o país crescer a 3%, ganhamos todos, mas penso que tem falhas de credibilidade", afirma Duarte Pacheco no programa Casa Comum da Renascença em parceria com a Euranet - Rede Europeia de Rádios.
Conversa de Eleição
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Pacheco defende que os dois principais partidos "ganhavam mais credibilidade junto da opinião pública" se apresentassem as suas metas, assumindo que neste momento "não estão em condições de assegurar que isso seja concretizável".
O antigo deputado do PSD acusa a AD de utilizar uma estratégia de cativações de despesa para prometer que não vai haver défice nos próximos anos, seguindo a política neste sentido seguida pelo antigo ministro das Finanças Mário Centeno. "Os anúncios nem sempre se concretizavam, porque ele, durante a execução, fazia o que fosse necessário para que a meta do défice fosse alcançada", lembra Duarte Pacheco.
O antigo deputado social-democrata recorda que o PSD criticava essa estratégia " e que eu continuarei a criticar no futuro", insiste na Renascença.
"Por isso mesmo, eu percebo a resposta dos vários membros do Governo ao Conselho de Finanças Públicas, para que não se preocupe porque não haverá défice. Significa que o Ministro das Finanças há de 'pôr o pé no travão', se for necessário em alguma coisa, e não haverá déficit. As cativações são um exemplo, o corte do investimento é outro", afirma Duarte Pacheco.
Já a socialista Ana Catarina Mendes acusa a AD de propor um programa eleitoral irrealista, contra as previsões das principais instituições económicas, para deliberadamente enganar os portugueses.
"Quando se prevê um crescimento de 2.9% da nossa economia, quando há um ano o fizeram também no seu programa eleitoral, mas apresentaram em abril e em outubro de 2024 à Comissão Europeia um crescimento de 1.8% e 1.9%, respectivamente, significa que estão a querer enganar alguém", afirma a eurodeputada do PS no programa Casa Comum.
Ana Catarina Mendes sublinha que as previsões da AD contrariam as últimas posições do Banco de Portugal, do Conselho de Finanças Públicas e do grupo de economistas da Universidade Católica.
"O programa da AD é irrealista e não exequível quando apresenta políticas fiscais com um valor astronómico. Há um ano o PSD apresentou-se aos portugueses dizendo que ia baixar o IRS em 1.500 milhões de euros. Agora apresenta 2.000 milhões de euros para o IRS", argumenta a eurodeputada socialista , que acusa ainda a AD de "enganar as pessoas quando se propõe baixar o IVA da construção, quando se sabe que se tiraram 6 mil fogos na reprogramação para o PRR em Bruxelas, ou seja, menos 6 mil casas na habitação".
Em resumo, Ana Catarina Mendes é taxativa. "O programa do PSD é um insulto à inteligência das pessoas, porque engana os portugueses, quer na previsão de excedentes orçamentais e de crescimento económico que sabem que não vão ter, quer nas medidas que se propõem num conjunto de áreas que, do meu ponto de vista, enganam os portugueses", remata no programa Casa Comum, da Renascença em parceria com a Euranet - Rede Europeia de Rádios.