22 mai, 2021 • José Bastos
Daqui a minutos, às 12h18, o primeiro carro na estrada inicia a power-stage de Fafe, a última PEC da edição 2021 do Rally de Portugal com a chegada às 14h20 ao parque fechado e podium em Matosinhos.
O momento está carregado de enorme simbolismo, porque desde 2015 que o rali é das principais bandeiras do Turismo do Porto e Norte e esteve de volta, este fim de semana, depois do interregno de um ano por causa da pandemia.
O rali foi também o primeiro evento desportivo de grandes massas – e dimensão mundial – a ter público em Portugal com efeitos imediatos e evidentes: a rede hoteleira das pequenas cidades próximas da prova esteve perto dos 100% de ocupação – um sugestivo indicador que as atuais medidas de segurança sanitária não afastam os portugueses dos hotéis e restaurantes.
A prova do Mundial de Ralis encerra uma semana que começou com milhares de turistas britânicos a aterrarem no aeroporto de Faro com Portugal a beneficiar de ser o primeiro país da Europa do Sul com a pandemia controlada. Mas abrir as fronteiras sem outra exigência que não um teste rápido a turistas vindos de países como o Reino Unido - onde está ativa a disseminação da variante indiana - deve manter alerta um setor chave da economia.
Os sinais contraditórios não nos largam: sábado 12 mil britânicos vão poder estar no Dragão a assistir à final da Champions League, a mais importante competição de clubes do mundo, mas logo às 20.30h as bancadas do estádio de Coimbra estarão vazias na final da Taça de Portugal por imposição das autoridades de saúde nacionais. Faz sentido? É apenas para enviar aos mercados um postal idílico à entrada do Verão?
Em debate a análise a estas questões e a 2021, ano de grandes desafios para o setor que quase parou em 2020 com receitas de 7,7 mil milhões (números semelhantes a 1995), depois de, em 2019, ter registado o record absoluto de 27 milhões de hóspedes e de crescimento de receitas (18,291 milhões). Um olhar também para o apoio do governo ao setor com 6 mil milhões de euros e metas para recuperar os 27 mil milhões/ano já em 2027.
A opinião é de Luís Pedro Martins, gestor, presidente do Turismo do Porto e Norte, Nuno Botelho, empresário, líder da ACP-Câmara de Comércio e Indústria e Carvalho da Silva, sociólogo, professor da Universidade de Coimbra.