Siga-nos no Whatsapp
Paula Margarido
Opinião de Paula Margarido
A+ / A-

As redes sociais… lugares de humanização?

14 jan, 2025 • Paula Margarido • Opinião de Paula Margarido


Estamos, na verdade, perante um mundo novo de oportunidades para fazer o bem e também para fazer o mal e este apenas pode ser combatido com uma forte campanha na educação, na formação, na responsabilização, no respeito pelo próximo, e pela sua diferença, estimulando sempre um pensamento crítico.

Regresso a um tema já abordado: as redes sociais. Porquê? Devido às suas vantagens e, sobretudo, aos seus enormes perigos que aqui cumpre reiterar.

As Ciências Sociais há muito que utilizam este conceito que adquire uma nova dimensão no mundo atual em que se vão criando autênticas comunidades digitais com a partilha de perfis pessoais, interesses, conteúdos, opiniões, fotografias e vídeos.

Bem sabemos que as redes sociais mais utilizadas são o YouTube, o Facebook, o Linkedin, o X (antigo Twitter), o WhatsApp, o Instagram e o TikTok. Já no ano de 2023 cerca de 4,95 mil milhões de pessoas utilizavam as redes sociais, ou seja 61,4 % da população mundial, em que se verifica uma taxa média de 6,8 novos utilizadores por segundo.

Não se pode olvidar que as redes sociais são concebidas com o objetivo de estimular o seu uso, tendo já nos Estados Unidos da América sido instaurados contra a Meta (que detém as plataformas como o Facebook e o Instagram) vários processos judiciais por uso de algoritmos que criam dependência nos utilizadores.

Curiosamente, na semana passada, dei conta que a minha filha mais nova, estudante universitária da licenciatura em engenharia aeroespacial, deixou de fazer uso do Instagram e perguntei: “Então, filha, deixaste de ter Instagram?”. Respondeu: “Sim, mã”. Perguntei, então: “Por que motivo, tiveste algum episódio triste?” Eis que me disse: “Não, simplesmente não preciso de andar a saber o que os outros fazem, ninguém precisa de saber o que eu faço, comunico com quem entender, leio as notícias pelas respetivas assinaturas digitais, para as matérias profissionais tenho o Linkedin e apenas saberão da minha vida os meus amigos e familiares.”

Fiquei a pensar na resolução da menina caçula e confesso que admirei a maturidade, a determinação em não ficar dependente de “likes” ou da resposta aos seus comentários ou da aprovação de quem quer que seja.

Contudo, entendo que as redes sociais podem, também, constituir extraordinários meios de estabelecimento de relações com outras pessoas que se encontram distantes de nós, bem como podem promover importantes causas sociais ou políticas e auxiliar à integração de grupos, associações e de coletividades.

A verdade é que não podemos ficar indiferentes ao facto de cada vez mais se assistir nas redes sociais ao uso de um tipo de linguagem que é agressiva, que é acintosa, por vezes de ódio, e que em tantas vezes parece que há um gosto em partilhar mensagens e postagens que não pretendem o bem, mas antes o mal, sobretudo daquele ou daquela por quem não se nutre simpatia.

E a tudo isto acresce uma certa vontade em espalhar mensagens e ideias que têm por fito “controlar” os eleitores. Aliás, sinónimo disso mesmo é o facto de a Comissão Europeia ter aberto um processo formal contra o TikTok por suspeitas de falhas na análise e mitigação de riscos associados à integridade eleitoral durante as presidenciais da Roménia que tiveram lugar no pretérito mês de novembro.

Efetivamente, a Comissão Europeia está a investigar se o TikTok interferiu no processo eleitoral da Roménia ao ter permitido a publicação e a propagação de vídeos que podem ter afetado a livre escolha do eleitorado.

Estamos, na verdade, perante um mundo novo de oportunidades para fazer o bem e também para fazer o mal e este apenas pode ser combatido com uma forte campanha na educação, na formação, na responsabilização, no respeito pelo próximo, e pela sua diferença, estimulando sempre um pensamento crítico.

Que as redes sociais possam ser lugares de humanização, que não anulam a personalidade, nem manipulam consciências!


Paula Margarido, Advogada e Deputada da XVI Legislatura

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.