25 mar, 2025 • José Pedro Frazão
Os portugueses estão no topo do europeísmo e querem ainda mais aposta europeia que a média dos inquiridos nos 27 países da União nas áreas-chave que estão a ser discutidas em Bruxelas. Em tempo de debates sobre o reforço da defesa europeia e da competitividade e reindustrialização da Europa, o Barómetro de Inverno do Parlamento Europeu mostra que os portugueses continuam preocupados com a inflação, mas estão acima da média europeia a favor de uma maior aposta nestas duas grandes áreas para que a Europa reforce a sua posição no mundo.
41% dos inquiridos portugueses defendem uma aposta na competitividade, economia e industria, acima da média europeia de 32%. O tema disparou nas preferências dos europeus face ao Barómetro de Inverno de 2024, com mais 6 pontos percentuais, de um ano para o outro. No entanto a subida foi ainda mais pronunciada em Portugal com mais 9 pontos percentuais onde se consolida como tema de aposta europeia preferida pelos inquiridos nacionais para reforçar a posição da União Europeia no mundo. Portugal é apenas superado pela Grécia no lote de países que colocam este assunto no topo dos aspetos em que a União se deveria focar.
A área da segurança e defesa recolhe 39% de apoio em Portugal, mais 3 pontos que no resto da Europa, onde continua a ser a aposta principal, sobretudo nos países bálticos, nórdicos e do leste. É a maior preocupação para lituanos ( 56%), dinamarqueses (52%) e finlandeses ( 49%) e está no topo dos pedidos de aposta europeia dos inquiridos de países como Alemanha, Países Baixos ou Polónia, entre outros.
Numa segunda linha, ainda acima da média dos 27, os portugueses querem uma maior aposta europeia, por um lado, na segurança alimentar e agricultura (31% em Portugal e 25% na UE)e, por outro lado, na independência energética, recursos e infraestruturas ( 30% em Portugal e 27% na União Europeia).
A nível europeu temas como a economia e a tecnologia ganharam força nos inquiridos, por contraste com a descida de áreas como o combate às alterações climáticas. Globalmente, os europeus consideram que o papel da União Europeia para proteger os cidadãos contra crises globais e riscos de segurança deve ser mais importante (66% de respostas, 76% em Portugal)
Há mais portugueses a temer pela degradação do seu estilo de vida. 35% dos inquiridos em Portugal consideram que o seu nível de vida vai diminuir nos próximos 5 anos. Esta percentagem representa uma subida de mais 6 pontos percentuais face ao Eurobarómetro homólogo. Contudo 42 % dos portugueses contrapõem que nada se vai alterar a esse nível .
Alemães e franceses estão à cabeça dos europeus que pensam que as coisas vão piorar na próxima meia década. Não estranha, por isso, que este tema seja identificado no Eurobarómetro de Inverno 2025 como a maior prioridade do Parlamento Europeu. A inflação, o aumento dos preços e o custo de vida devem estar na ação prioritária dos eurodeputados para 57% dos portugueses e 43% da média europeia dos inquiridos.
No entanto, Portugal destaca-se neste Eurobarómetro ao colocar como prioridade principal dos eurodeputados aquela que é apenas a 5ª maior preocupação dos europeus. Mais apoio para a saúde pública, pedem 58% dos inquiridos portugueses, muito acima dos 25% da média europeia.
Logo a seguir, sempre muito acima da média europeia, os inquiridos portugueses pedem aos deputados que abordem temas como o apoio à economia e criação de empregos ( 49% em Portugal por contraste com 29% na União) e a luta contra a pobreza e a exclusão social ( 47% em Portugal versus 31% na UE).
O nosso país contrasta com a média europeia por baixas prioridades sinalizadas aos eurodeputados em 3 áreas: combate às alterações climáticas ( 11%, longe dos 21% da média europeia), Democracia e Estado de Direito ( 9% versus 20% na UE) e migração e asilo ( 7% em Portugal em contraste com 22% na Europa a 27). São tópicos ficam em Portugal a menos de metade das prioridades sinalizadas pelos europeus aos eurodeputados.
O Eurobarómetro de Inverno 2025 confirma estudos anteriores que colocam Portugal no topo do europeísmo. OS Portugueses são os europeus que têm uma imagem mais positiva da União Europeia, com 75% de opiniões positivas, acima da Suécia com 68% e da Irlanda com 66%. Portugal está sobretudo muito acima da media europeia que não passa dos 50% na imagem positiva, que é já de si um resultado elevado nos últimos 12 anos.
Portugal continua acima da média europeia na avaliação positiva da imagem do Parlamento Europeu, com 67% de aprovação contra apenas 41% da média europeia.
9 em cada 10 portugueses consideram que Portugal beneficiou em ser membro da União Europeia, num ranking apenas superado por Malta, Dinamarca e Irlanda. A média europeia é de 74% e abaixo desta fasquia encontramos países como a Bulgária, França, Grécia ou Itália. Apenas 5% dos portugueses têm uma imagem negativa da União.
65% dos portugueses acreditam que nos próximos anos o papel da UE tornar-se-á mais importante, acima da media europeia de 44%. 92% dos inquiridos no nosso país concordam que os estados-membros devem reforçar a sua união para enfrentar os desafios globais atuais, ligeiramente acima da média europeia de 89%.
Quando questionados se a União Europeia precisa de mais recursos para esse efeito, 85% dos portugueses responde afirmativamente, acima dos 76% dos restantes inquiridos europeus.
O trabalho de campo do Eurobarómetro foi realizado em Portugal entre 9 e 29 de Janeiro com recurso a 1040 entrevistas presenciais. Na União Europeia, o inquérito contou com 26354 entrevistas.