11 out, 2023 • Alexandre Abrantes Neves
O Explicador Renascença desta quarta-feira fala da operação "Psyche" da NASA.
A missão arranca na quinta-feira, com uma descolagem a partir da Flórida.
É uma missão que pretende estudar o asteroide "Psyche 16", que tem exatamente o mesmo nome que a nave espacial.
Está a mais de 3,5 mil milhões de quilómetros da Terra, entre Marte e Júpiter. Por isso, a aeronave só deve chegar ao destino em agosto de 2029.
Mas parte esta quinta-feira e vai descolar, pouco depois das 15h00, hora de Portugal continental, do Centro Espacial Kennedy, na Flórida.
Em primeiro lugar, a forma e o tamanho. O "Psyche" tem a forma de uma batata e é grande para os padrões dos asteroides: no seu ponto mais largo, tem 280 quilómetros de diâmetro. A superfície tem mais de quatro vezes a área de Portugal.
Além disso, o "Psyche 16" é rico em metais e pode ajudar a compreender a constituição dos núcleo dos planetas rochosos, como a Terra e Marte.
Os cientistas sabem que o núcleo dos planetas rochosos, como a Terra, são constituídos por metais, mas, como nunca chegaram até lá, não sabem quais ao certo.
O "Psyche 16" é constituído por ferro e os cientistas acreditam que o asteróide possa ser um vestígio da criação do sistema solar e estar na origem dos núcleos dos planetas.
Não. Até agora, os corpos celestes estudados por aeronaves eram feitos maioritariamente de gelo ou de rocha.
O "Psyche 16" é o único corpo celeste constituído apenas por metais no sistema solar e só por isso pode impulsionar uma série de investigações científicas sobre um tipo de asteroides até agora desconhecido.
Os contornos da missão também são surpreendentes. A nave vai capturar luz solar com grandes painéis. Depois de os propulsores funcionarem, a nave vai conseguir navegar e deixar uma espécie de rasto brilhante azul.
Novidade é também o facto de os propulsores da nave - os chamados propulsores de Hall - funcionarem apenas um de cada vez, o que nunca foi testado em viagem espaciais para além da Lua.
A "Psyche" vai estar em órbita durante 100 dias e enviar ondas de rádio para a Terra.
Isso vai permitir estudar a composição do asteróide e tirar conclusões sobre a gravidade em redor do "Psyche 16".
Para além disso, e com recurso a outra tecnologia - os neutrões de raios gama -, os cientistas vão também conseguir obter uma melhor imagem da superfície deste corpo celeste.
A previsão aponta para um custo superior a mil milhões de dólares.
Mas não são apenas suportados pela agência espacial norte-americana. A Universidade do Estado do Arizona e a empresa Maxar Technologies também contribuíram com materiais e financiamento para esta missão.