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Empresa sul-coreana compra Farfetch e evita falência do unicórnio português. Mas o que é a Farfetch?

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Empresa sul-coreana compra Farfetch e evita falência do unicórnio português. Mas o que é a Farfetch?

19 dez, 2023 • Hugo Monteiro


A Farfetch vai receber de imediato uma injeção de 500 milhões de dólares, quase 460 milhões de euros, um empréstimo de curto prazo com juros anuais de 12,5%. Mas afinal, o que aconteceu?

Já foi apontada como um exemplo no panorama empresarial português, mas agora as dificuldades financeiras colocam a Farfetch nas mãos de uma empresa sul-coreana.

Mas o que é a Farfetch?

Trata-se de uma plataforma de venda de marcas de moda de luxo na Internet. Tem mais de quatro milhões de clientes registados em todo o mundo- ao ponto de ter sido batizada como a Amazon da moda.

A Farfetch foi fundada em 2008 pelo empresário José Neves. Tem, atualmente, sede fiscal em Londres, mas com o seu edificio prinicipal situado em Leça do Balio, em Matosinhos.

Ou seja, era uma história que tinha tudo para dar certo...

Tinha e deu durante vários anos. A Farfetch foi o primeiro unicórnio português - a startup chegou a valer cerca de 20 mil milhões de euros- e tinha o estatuto de gigante tecnológico.

Foi notícia o dia em que o fundador, José Neves, assinalou, em Nova Iorque, a entrada da empresa na Bolsa norte-americana.

Aparentemente, tudo corria bem. Afinal, o que aconteceu?

Depois dos anos da pandemia, em que as vendas online subiram consideravelmente, aparentemente a empresa deixou de crescer e, consequência disso, o valor das ações caiu a pique, o que obrigou a Farfetch a adiar a apresentação dos resultados do terceiro trimestre, que até hoje continuam por publicar.

Tudo isto gerou ainda mais desconfiança e receio por parte de quem investe e ontem as ações valiam 64 cêntimos - há três anos valiam mais de 73 dólares.

É aí que surge esta empresa sul-coreana a anunciar a compra da Farfetch?

Certo e aparentemente será essa a solução para a Farfetch evitar a falência.

A empresa chama-se "Coupang" e anunciou a compra da unidade de Leça do Balio por cerca de 460 milhões de euros - uma injeção direta de capital na empresa que a salva da bancarrota. O Banco JP Morgan fica depois encarregue de tratar da venda dos ativos. A Farfetch vai continuar, por enquanto, a operar na mesma área de negócio. Mas o futuro é incerto.

E os trabalhadores? Ficam garantidos os postos de trabalho?

Ainda não se sabe, mas as perspetivas não são otimistas. Há um risco de um despedimento coletivo com uma dimensão ainda desconhecida.

Certo é que já havia, inicialmente, a perspetiva de extinção de 800 postos de trabalho. Mais recentemente admitia-se que poderiam ser afetados 2 mil trabalhadores. No final do ano passado, o grupo tinha 6.800 funcionários em todo o mundo.

Por sua vez, toda a administração está de saída, fica apenas o fundador José Neves. Quem perde tudo são os investidores: a Farfetch sai da Bolsa de Nova Iorque e o mais provável é que os detentores de ações não recuperem o investimento que fizeram.

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