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Qualidade do ar mata mais do que acidentes na estrada?
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Qualidade do ar mata mais do que acidentes na estrada?

28 jan, 2025 • Fátima Casanova


No Explicador Renascença desta terça-feira vamos falar sobre o ar que respiramos. O que podemos dizer sobre a qualidade do ar no nosso país? A nossa saúde ressente-se? Podemos fazer alguma coisa para minimizar os riscos? Ouça podcast.

A falta de qualidade do ar é responsável pela morte prematura de cerca de seis mil pessoas, por ano, em Portugal. Neste Explicador Renascença vamos fazer um ponto de situação e tentar saber o que é possível fazer para melhorar a qualidade do ar que respiramos.

Qual é a qualidade do ar que respiramos?

A qualidade do ar em Portugal não é má na sua generalidade. O diagnóstico é feito na Renascença por Nuno Lacasta, o ex-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, que, no entanto, alerta para o facto de poder representar um risco dependendo da acumulação de certas partículas, a frequência com que as respiramos e em que zonas isso acontece.

Há números relativamente ao impacto para a saúde?

De acordo com a Agência Europeia do Ambiente, a falta de qualidade do ar é responsável pela morte prematura de cerca de seis mil pessoas por ano, em Portugal. Os especialistas consideram que é um número excessivo. Fica 12 vezes acima da mortalidade nas estradas portuguesas.

É preciso fazer escolhas mais amigas do ambiente?

Sim. Principalmente ao nível dos transportes públicos. As diferentes associações ambientalistas têm defendido a necessidade da eletrificação das frotas de autocarros e de táxis. Dizem mesmo que fica mais barato investir a este nível do que pagar a fatura da saúde pública.

Também defendem que os municípios têm de fazer mais ao nível dos planos de ação para a qualidade do ar. Estes planos são uma obrigação da lei comunitária.

O que acontece é que, por vezes, há várias medidas, mas não estão organizadas, nem são implementadas quando necessário.

Como por exemplo?

Por exemplo, um pico de poluição muito concentrada numa determinada zona, deveria justificar a interrupção de uma via rodoviária, durante algumas horas, até os valores normalizarem.

Há situações em que os limites estão a ser ultrapassados?

Sim, há um caso crónico que se passa em Lisboa. Trata-se da Avenida da Liberdade que se destaca pela negativa, apresentando o quádruplo da concentração máxima de dióxido de azoto recomendada pela Organização Mundial de Saúde, violando a legislação europeia, segundo dados divulgados esta terça-feira pela Associação Ambientalista Zero, que indica que os valores das partículas finas inaláveis também estão acima do recomendado.

Dentro das nossas casas, também podemos fazer alguma coisa para ter uma boa qualidade do ar?

O dióxido de carbono, um problema em termos de aquecimento global, pode ser um problema dentro de casa, quando, por exemplo, há muitas pessoas a respirar num mesmo espaço.

É recomendado arejar a casa, mas sem perder a eficiência energética. Basta abrir as janelas por breves minutos. Para quem tem lareira, e agora que as temperaturas vão baixar, os ambientalistas recomendam a utilização de pellets, porque emite menos partículas para o ar.

Este problema da emissão de gases para a atmosfera não se verifica só em Portugal…

Não. Todo o continente europeu tem problemas a este nível, de tal forma que um estudo publicado na revista científica “Nature Medicine” antecipa que as mortes poderão aumentar 50% até ao fim do século XXI, totalizando mais de dois milhões de óbitos adicionais, se não houver uma redução drástica de emissão de gases com efeito de estufa.

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