03 fev, 2025 • André Rodrigues
Este fim de semana foram revelados números sobre a violência doméstica em Portugal, relativos a janeiro.
São números preocupantes, tendo em conta que dizem respeito apenas ao primeiro mês do ano.
O Explicador Renascença esclarece.
Cinco. Pelo menos cinco mulheres morreram só em janeiro.
Em média, significa uma mulher assassinada por semana desde o início do ano.
A maior parte das mortes aconteceu em contexto de violência doméstica.
Aparentemente, pior. Em 2024, no total do ano, pelo menos 25 mulheres foram assassinadas. 20 destas mortes foram feminicídios ocorridos num quadro de violência doméstica. Em média, duas mortes por mês.
Só no primeiro mês deste ano, temos um quinto do total das mortes ocorridas em todo o ano de 2024.
Sinal de que a violência contra mulheres - sobretudo a violência doméstica - parece não estar a diminuir.
A partir de notícias publicadas na imprensa. Daí que estejamos a falar em, pelo menos, cinco mortes ocorridas desde o início do ano.
Não são dados das autoridades. O que reforça a importância de monitorizar e reportar a violência contra as mulheres para que possam ser adotadas medidas adequadas de prevenção e intervenção.
A maioria das vítimas tem mais de 36 anos.
Olhando para os casos do ano passado, do total das 20 vítimas de feminicídio do ano passado, 14 tinham filhos. Sendo que em seis casos, os filhos tinham menos de 18 anos.
Quanto às cinco mortes ocorridas em janeiro, as vítimas tinham entre 17 e 72 anos.
Olhando para os dados do ano passado, 12 mortes ocorreram na residência conjunta. Cinco na via pública.
As armas mais utilizadas foram armas de fogo e armas brancas.
Os feminicídios são homicídios em que existe violência de género, ou seja, o assassinato é cometido em contexto de relações de intimidade, familiares ou situações de violência sexual direcionadas a mulheres.
Em 2024, 16 dos feminicídios ocorreram em relações de intimidade, com 12 vítimas sendo assassinadas por parceiros ou ex-parceiros.
Os outros quatro casos ocorreram em relações que já tinham terminado.
Em três dos casos, sim. Incluindo, antecedentes criminais de violência doméstica.
E em, pelo menos, um dos casos um dos agressores tinha um histórico de feminicídio de uma ex-namorada.
Dizem que é urgente encarar a violência doméstica como um crime grave.
Maria José Magalhães, investigadora da UMAR, alerta para a necessidade de uma política de prevenção e de dissuasão séria e eficaz, para evitar uma escalada da violência doméstica.
[notícia atualizada às 21h28 de 3 de fevereiro de 2025]