25 fev, 2025 • Anabela Góis
O que é que se sabe do plano?
A proposta que se conhece, e que tem sido defendida por França e Reino Unido, passa pelo envio de uma chamada “força de garantia”, que poderia ser constituída por cerca de 30 mil soldados europeus. Seriam colocados em infraestruturas essenciais, como centrais nucleares, com apoio aéreo e marítimo.
A linha da frente seria controlada remotamente com recurso a drones. quanto aos meios aéreos ficariam estacionados fora da Ucrânia, na Polónia ou na Roménia, mas serviriam para impedir violações e garantir a reabertura do espaço aéreo ucraniano a voos comerciais.
O plano só está no domínio teórico?
Sim. O que há são contactos entre os líderes ocidentais. Na segunda-feira, o presidente francês manifestou, justamente, a disponibilidade de França para enviar militares para a Ucrânia.
Amanhã o Presidente do Conselho Europeu, António Costa, vai organizar uma videoconferência com líderes da União Europeia para falar dos resultados da visita de Macron a Washington.
No domingo, os líderes europeus vão a Londres para uma reunião com o primeiro-ministro britânico, para discutirem a estratégia europeia de defesa e segurança. Portanto, temos aqui a Europa a tentar recuperar alguma iniciativa, depois do efeito Trump.
E a Rússia e a Ucrânia concordam com estes planos?
A Rússia não. O Kremlin já hoje veio desmentir o presidente norte-americano que ontem disse que Vladimir Putin aceitaria o envio de uma força europeia para garantir a paz na Ucrânia, depois de um acordo que acabasse coma guerra, claro. Aliás, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo já tinha dito que o envio de uma força europeia para a Ucrânia é inaceitável.
A Ucrânia preferia a adesão a NATO como garantia de segurança. Mas, nessa impossibilidade, diz que serão necessários mais de 100 mil soldados europeus na Ucrânia para garantir que o conflito não se reacenda após um cessar-fogo.
E os Estados Unidos? Estão disponíveis para enviar militares para a Ucrânia?
Os sinais são contraditórios. Donald Trump tem insistido que os aliados da NATO não cumprem a sua parte e que a Europa deve fazer mais pela sua própria segurança.
Washington disse que não enviará tropas para na Ucrânia, mas não descartou apoio em termos de transporte aéreo ou logística.
E os restantes países da Europa, e Portugal em concreto, já se pronunciaram?
Para além do Reino Unido e de França, os países nórdicos e do Báltico - até por uma questão de proximidade - poderão desempenhar os papéis principais em qualquer força.
A Polónia já avisou que ficará fora. Alemanha e Espanha acham que é prematuro falar do assunto. E esta é também a posição de Portugal.
O Ministro da Defesa sublinhou já esta tarde no parlamento que primeiro é necessário o plano de paz e só depois se deve falar do contributo de cada país para uma força de paz na Ucrânia, mas sem afastar a possibilidade do envio de tropas portuguesas.