Acordo de EUA e Ucrânia por terras raras pode levar ao fim da guerra?

A guerra na Ucrânia pode acabar dentro de semanas. A frase é do Presidente dos Estados Unidos.

E há um fator que pode acelerar o processo: nas últimas horas, Kiev aceitou que os Estados Unidos possam explorar terras e minerais raros em território ucraniano.

O Explicador Renascença esclarece.

O que são estas terras raras?

É um conjunto de 17 elementos químicos maleáveis, magnetizáveis, bons condutores de calor e de eletricidade.

Daí o interesse de várias indústrias nestes minerais. Desde logo, dispositivos eletrónicos, como como telemóveis, computadores ou baterias recarregáveis; indústria automóvel de última geração, que usa as terras raras nos motores para veículos híbridos e elétricos.

Também são cruciais para o fabrico de turbinas eólicas ou painéis solares. Até mesmo, na indústria de Defesa. As terras raras são importantes para a produção de radares, lasers e sistemas de comunicação.

São elementos químicos raros no planeta?

Apesar do nome, as terras raras não são necessariamente raras na crosta terrestre, mas são de difícil extração.

A Ucrânia tem uma das maiores jazidas de terras raras e minerais estratégicos do mundo, mas muitos desses depósitos estão em regiões controladas por tropas russas, como Donetsk e Luhansk, o que torna ainda mais difícil a extração e o desenvolvimento destes recursos.

Como pode influenciar a paz na Ucrânia?

O interesse económico dos Estados Unidos poderá ser decisivo, uma vez que Trump poderá oferecer garantias de segurança à Ucrânia em troca da exploração dos minerais estratégicos que se situam, sobretudo, em zonas de conflito.

O Presidente norte-americano já disse que Zelensky deverá visitar a Casa Branca entre esta e a próxima semana. E tudo aponta que esse encontro possa acontecer na sexta-feira, para assinar o acordo para a exploração das terras raras.

Na segunda-feira, Donald Trump disse que a guerra poderia acabar “dentro de semanas”. Zelensky é mais prudente. Admite que o conflito com a Rússia pode terminar este ano.

O que implica o acordo?

Desde o início de fevereiro, Trump tem insistido no acesso às terras raras ucranianas como forma de compensar o apoio financeiro a Kiev em três anos de guerra. O acordo inicial apresentado pelos norte-americanos daria acesso a 50% da riqueza ucraniana, proposta que Zelensky recusou, porque não incluía garantias de segurança.

Contudo, nas últimas horas, os Estados Unidos abdicaram de 500 mil milhões de dólares em receitas potenciais. E isso terá sido preponderante para a aceitação do lado ucraniano.

O que diz a Europa sobre estes prazos?

A primeira reação vem da França. Depois do encontro com Trump na Casa Branca, Macron disse à Fox News que poderá estar por semanas uma trégua entre Rússia e Ucrânia.

Esse prazo coincide com o de Donald Trump. A diferença é que Trump fala no fim da guerra, enquanto Macron refere-se a uma trégua.

Não é, necessariamente, a mesma coisa.

E o que diz a Rússia?

Não se compromete com prazos, mas mostra-se disponível para negociações.

No entanto, o ministro russo dos Negócios Estrangeiros, Sergei Lavrov, deixa claro que os bombardeamentos só vão ser interrompidos quando for alcançado um acordo de paz que satisfaça os interesses de Moscovo.