26 fev, 2025 • Anabela Góis
O que se passa?
Há mais doentes a necessitar de sangue. Um responsável do Instituto do Sangue e da Transplantação (IPST) disse à Renascença que esta é a época do ano em que há maior atividade cirúrgica.
Até à semana passada, foram feitos 118 transplantes de órgãos em Portugal – ou seja, mais de dois por dia. Só esta atividade já justificava a atual carência, mas a isto junta-se uma atividade assistencial muito intensa também no que se refere a outras cirurgias e tratamento de doentes oncológicos.
Além disso, temos de contar com as infeções respiratórias, típicas do inverno, que impedem muitos dadores de fazerem a sua dádiva. Neste caso são 14 dias de suspensão.
Não há menos dadores, há é mais necessidade?
Sim. Sempre que o IPST ou os hospitais fazem apelos à dádiva, não faltam dadores. Claro que alguns agora estão impedidos, por causa das infeções respiratórias. Mas ainda no último fim de semana houve um aumento de pessoas a darem sangue e, por isso mesmo, a situação já não é agora tão grave como foi no final de semana passada, embora a crise se mantenha.
Há zonas mais carenciadas do que outras?
A região de Lisboa e Vale do Tejo, o Alentejo e o Algarve são as mais carenciadas, com reservas abaixo do que é suposto, que é ter sangue de todos os tipos para sete dias.
As carências são em todos os tipos de sangue?
Falta sobretudo sangue do tipo A positivo e Zero (tanto positivo como negativo).
A carência de sangue já está a ter efeitos nos hospitais?
Alguns já estão a adiar cirurgias. É o caso do hospital São Sebastião, em Setúbal, que face à crise de sangue teve de adiar algumas cirurgias programadas.
Os hospitais portugueses precisam entre oitocentas e mil unidades de sangue e componentes sanguíneos todos os dias.