11 mar, 2025 • André Rodrigues
Foi há cinco anos que a Organização Mundial de Saúde declarou o início da pandemia. Dois dias depois, Portugal declarou estado de alerta e entrou em confinamento. Entre 2020 e 2022, a Covid-19 matou cerca de 29 mil pessoas em Portugal.
Para os cientistas, a resposta não é se — é quando vai surgir uma nova pandemia. Para nós, que vivemos a Covid-19, foi uma novidade. Mas esta pode não ser a experiência única de uma pandemia vivida ainda no nosso tempo.
A resposta está no relatório sobre pandemias feito por mais de 200 cientistas de 54 países. Eles analisaram mais de 1.600 provas de agentes de doenças - vírus e bactérias - e classificaram 33 como tendo risco de nível pandémico.
Antes da Covid-19, em 2018, num estudo semelhante, tinham sido classificados apenas 10 como tendo potencial de risco para provocar uma pandemia.
Reportagem
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São vários. Um deles é o vírus da gripe, que inclui o H1N1, responsável pela gripe suína, em 2009. Outro vírus deste grupo é o H5N1, a chamada gripe das aves que, já este ano, infetou animais e seres humanos nos Estados Unidos.
Outra doença com potencial pandémico é a Mpox, o vírus da varíola dos macacos, que provocou uma emergência sanitária mundial em 2022. É uma doença endémica em várias regiões da África Central. A estirpe mais perigosa circula nesta altura pela República Democrática do Congo. A OMS admite nomear este surto como emergência de saúde pública de interesse internacional.
Há também o risco associado ao dengue ou à Klebsiela - uma bactéria que é responsável por infeções multirresistentes.
Estes e outros agentes patogénicos têm todos potencial de risco pandémico e estão a ser monitorizados pela OMS.
Há, pelo menos, conhecimento científico que ficou do tempo da Covid-19. Graça Freitas, a antiga diretora-geral da Saúde, disse numa entrevista recente que o SNS e as autoridades de saúde estão mais bem preparadas para enfrentar uma nova pandemia. O problema está na eficácia da resposta a um novo vírus.
Graça Freitas avisa que uma próxima pandemia poderá ser mais complexa, socialmente mais fraturante, porque há o risco de resistência da sociedade às imposições de confinamento e uma menor confiança de alguns setores em relação à vacinação.
Mesmo em Portugal que, à escala global, foi um exemplo de civismo, a antiga diretora-geral da Saúde admite que um eventual futuro confinamento pode não ser tão ordeiro, nem tão bem aceite como em 2020.
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