18 mar, 2025 • Fátima Casanova
O que podemos esperar da depressão Martinho?
Esta nova depressão, que se desloca desde o Atlântico Norte, vai trazer chuva forte e persistente acompanhada por vento, com rajadas que podem ir até aos 120 quilómetros por hora.
De acordo com Maria João Frada, meteorologista do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), poderão ocorrer fenómenos extremos de vento, como tornados, porque “parecem estar reunidas algumas condições que levam a crer, que poderão ocorrer, não são de descartar” nas zonas centro e sul.
A situação mais crítica, de acordo com as previsões, deve ocorrer entre as 21 horas da noite na quarta-feira e as seis da manhã de quinta-feira, especialmente nas regiões do centro e do sul.
Este ano tem chovido mais no sul do território?
Sim. À Renascença, o climatologista Mário Marques disse que as estações meteorológicas a sul do Tejo, desde 1 de fevereiro, registaram valores muito acima da média, algumas delas mais do dobro do que é habitual para esta época do ano.
Enquanto a norte do Tejo, registaram precipitação, entre 10 a 20% abaixo da média.
Está a chover mais do que é habitual para a época do ano?
Sim. De acordo com os dados enviados à Renascença pelo IPMA, “em relação à normal climatológica (1991-2020), o valor para o mês de março é de 77,4mm, sendo que, até ao dia 17 de março precipitou 144% do normal (111 mm)”.
O IPMA acrescenta que “o março mais chuvoso deste século, ocorreu no ano de 2001, no qual foi registada uma média de 273,8mm, seguido por 2018, com 272,1mm”.
Proteção Civil vai enviar uma mensagem de telemóve(...)
Porque é que está a chover tanto, neste mês de março?
A resposta é dada pelo IPMA, que sublinha que “neste período do ano, inverno e épocas de transição (primavera e outono), é que é usual a passagem pelo nosso território continental de regimes depressionários e superfícies frontais, que têm associado, em regra, precipitação forte e persistente, bem como episódios de vento forte”.
O inverno deste ano foi mais chuvoso do que o habitual?
Não. De acordo com o IPMA, “o inverno climatológico decorre entre dezembro e fevereiro e foi classificado em relação à precipitação como normal, tendo sido registado um total da precipitação média de 271.0mm, 20.9mm abaixo do valor normal 1991-2020”. O IPMA refere que, “dos três meses de inverno, apenas em janeiro se registou um valor acima do normal.
Até quando vamos ter chuva?
A depressão Martinho, depois de se fazer sentir com intensidade no centro e sul, vai deslocar-se para norte, onde os seus efeitos se devem fazer sentir a partir de sexta-feira. Pelo menos, até domingo, dia 23 março, há condições para a ocorrência de precipitação e vento.
Na próxima semana, poderá haver uns dias mais soalheiros, mas num dia ou outro, ainda poderá chover, assim como no fim-de-semana de 29 e 30 de março, como antecipa o climatologista Mário Marques.
O início de primavera (20 de março) vai ser marcado pela chuva. Como vai ser depois?
Segundo o climatologista Mário Marques, é de esperar “uma primavera mais húmida do que é habitual”.
Em abril, “haverá dias de muito sol, interrompidos por dias com alguma precipitação e deverá nevar, um outro dia, na serra da Estrela”. Em maio, espera-se “uma primeira quinzena mais fresca do que é habitual e a segunda quinzena soalheira, mas com trovoadas”. E neste mês de março, como estamos a ver, vai manter-se a chuva, pelo menos, até domingo com grande intensidade.
O pico da passagem da depressão Martinho acontece a partir de amanhã, ao final do dia.
A Proteção Civil prevê que possam ocorrer inundações urbanas e apela aos condutores para evitarem andar na estrada ao final do dia, especialmente nas regiões do centro e do sul.