20 mar, 2025 • Anabela Góis
O que é o "método do engano"?
É um método em que as vítimas são levadas a abrir a porta de casa aos assaltantes.
Segundo a polícia, muitas vezes são mulheres que tocam à campainha e contam uma história para ganhar a confiança dos moradores. Podem, por exemplo, pedir um copo de água, ou dizem que são responsáveis pela limpeza do prédio e precisam de um balde com água. Outras vezes, mostram-se interessadas em comprar ou arrendar um apartamento no edifício. Também podem pedir uma caneta para escrever um recado a um vizinho. Por vezes também usam uma criança que pede para usar a casa de banho.
E depois de entrarem, como é que atuam?
O engodo pode ser só uma pessoa, mas estes assaltantes atuam em grupo. Portanto, depois de conseguirem entrar nas casas, enquanto um distrai a vítima, há outros que se introduzem e procuram bens de valor e fáceis de esconder, como ouro, joias ou dinheiro que podem levar nos bolsos.
Existe ainda um outro elemento, geralmente homem, que fica no exterior da habitação, num carro, para facilitar a fuga.
Nem esperam que as casas estejam vazias?
Não. Segundo a polícia, neste caso os roubos acontecem no período diurno - normalmente entre a uma e as três da tarde –, durante a semana, mas acima de tudo à sexta-feira.
Outra diferença é que os assaltantes escolhem os alvos com base nas próprias vítimas e não nas residências. Em muitos casos, avaliam previamente quem vive na casa, os hábitos que tem, etc.
E quem são as vítimas? E porquê mais furtos à sexta-feira?
Os alvos preferenciais são pessoas que vivem sozinhas ou em casas isoladas, sobretudo, idosas com escassos meios e com problemas de saúde, o que dificulta a deslocação às esquadras.
Não raras vezes são pessoas que têm dificuldades em reconhecer os suspeitos e, normalmente, não têm sistemas de vigilância nas habitações.
Quanto à preferência pela sexta-feira, a polícia admite que será porque é o dia em que as vítimas vão ao banco levantar dinheiro para o fim de semana.
Estes roubos têm acontecido por todo o país? A polícia tem suspeitos?
Até agora não foi detido qualquer suspeito desta prática, mas a polícia tem processos-crime abertos e uma investigação em curso sobre este tipo de redes criminosas.
Nos dois primeiros meses do ano, houve 82 casos., a maioria na Área Metropolitana de Lisboa, nomeadamente, nos concelhos de Almada e Seixal, mas também houve ocorrências no Porto, na Madeira, em Aveiro e em Faro.
O que é a que a polícia aconselha?
A PSP divulgou esta quinta-feira um comunicado a apelar à população para ser cuidadosa e estar atenta a este tipo de furtos.
As principais recomendações: feche sempre a porta do prédio, não abra a porta a estranhos, sob pretexto nenhum, não aceite encomendas que não estão no seu nome, e se detetar movimentos estranhos no prédio ou no bairro contacte de imediato a PSP.
Também não deve dar os seus dados pessoais, nem responder a questionários sobre a sua pessoa. Nas redes sociais, não divulgue as rotinas da família nem os períodos de ausência de casa.