24 mar, 2025 • Eva Massy, correspondente da Renascença em Paris , André Rodrigues
Arranca esta segunda-feira em Paris o julgamento daquele que é considerado o "monstro sagrado do cinema francês". Gérard Depardieu, de 76 anos, vê o seu nome envolvido num escândalo sexual.
Agressão e violência sexual, são estas as acusações que Gérard Depardieu enfrenta esta segunda-feira em tribunal. Uma das alegadas vítimas é uma decoradora que apresentou queixa por agressão sexual, assédio e comentários sexistas; a outra alegada vítima é uma assistente de realização que acusa o ator de ter praticado atos de agressão sexual e de a ter insultado.
Alegados crimes que remontam às gravações do filme Les Volets Verts (As Persianas Verdes), cujas gravações aconteceram em 2021.
Se for condenado, Depardieu arrisca uma pena de cinco anos de prisão e 75 mil euros de multa.
No entanto, o ator sempre negou as acusações, afirmando publicamente que jamais abusaria de uma mulher.
Não, esta é a primeira vez que Gérard Depardieu responde em tribunal.
Mas a verdade é que, nos últimos anos, o ator tem enfrentado várias denúncias de comportamentos semelhantes por cerca de vinte mulheres nos últimos seis anos. Alguns desses casos já prescreveram.
No entanto, há outro caso em que Depardieu ainda terá de responder em tribunal. Em agosto de 2018, a atriz Charlotte Arnould deu a cara e, através de uma publicação no antigo Twitter, disse ter sido violada por Gérard Depardieu.
Num primeiro momento, sim. O tribunal arquivou a queixa, alegando falta de provas. No entanto, em 2020, Charlotte Arnould recorreu para o Ministério Público francês que aceitou os argumentos para reabrir este caso que continua pendente.
Têm sido assim os últimos anos da carreira de Gérard Depardieu, muito marcados por comportamentos excessivos e declarações polémicas e também por uma investigação por suspeitas de fraude fiscal agravada e branqueamento de capitais, num caso que remonta a 2013.
A soma de polémicas levou mesmo a que Gérard Depardieu interrompesse a carreira em 2023.
Pelo menos, o julgamento desta segunda-feira volta a levantar a discussão sobre a violência sexual no cinema francês. O tema ganhou ainda mais mediatismo quando, em maio do ano passado, um grupo de artistas aproveitou o arranque do Festival de Cannes para dar voz ao manifesto de uma centena de pessoas ligadas à indústria do cinema. Manifesto que deu origem ao chamado movimento #Meetoo francês.
Na altura, os subscritores falaram em clima de impunidade, alegando que 94% das queixas de violência sexual tinham sido arquivadas em 2022.