09 abr, 2025 • André Rodrigues
Há 10 anos que o preço das casas em Portugal continua a subir, o que contraria a tendência na Europa.
No quarto trimestre do ano passado, a subida do preço da habitação em Portugal foi mais do dobro da média da União Europeia.
O Explicador Renascença esclarece.
Isto acontece porque, em Portugal, o mercado da habitação continua a ser muito sustentado pela forte procura, sobretudo nas grandes áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto onde o preço do metro quadrado é mais elevado.
Portanto, apesar do aumento das taxas de juro que se verificou até há bem pouco tempo, essa forte procura tem impedido uma correção significativa nos preços.
Já em países como França ou Alemanha, o aumento do custo do crédito resultou numa diminuição dos preços. É isso que explica o facto de Portugal estar em contraciclo com o resto da Europa.
Sim, ao contrário da tendência que se observa em Portugal, há vários países onde os preços das casas caíram no último ano.
Por exemplo, no Luxemburgo, houve uma redução de 5,2% em 2024, após uma outra diminuição de 9% em 2023. Também na Alemanha, a queda dos preços foi de 1,6% no ano passado, após uma outra descida mais acentuada em 2023, de 8,5%.
Mas há outros exemplos: França, Finlândia e Áustria seguiram a mesma tendência.
O aumento das taxas de juro, que tornou o crédito mais caro e diminuiu o número de vendas de casas.
Algo que não acontece em Portugal, dada a elevada procura que mantém os preços elevados.
É o mercado a funcionar: Se há mais procura, o preço acaba por ser mais elevado.
De acordo com o Eurostat, que é o gabinete de estatísticas da União Europeia, entre 2010 e 2024, os preços das casas em Portugal aumentaram 120%, mais do que o dobro da média da União Europeia, que registou uma subida de 55,4%. Sendo que essa subida de preços acelerou ainda mais desde 2018, até agora.
Ao ponto de, atualmente, Portugal ser o país com o terceiro maior aumento dos preços das casas na União Europeia.
Sim. À semelhança do que aconteceu com o aumento do preço das casas, mais acentuado desde 2018, também as rendas acompanham essa tendência, com valores a aumentar acima da média europeia, agravando o problema da falta de acesso à habitação em Portugal.
As famílias com uma taxa de esforço superior a 40%, seja nas rendas ou nos créditos, passam a ser abrangidas pelo programa 1.º Direito.
É a estratégia do Governo para promover soluções de habitação para pessoas que vivem em condições indignas e que não dispõem de capacidade financeira para suportar o custo do acesso a uma habitação adequada.