24 abr, 2025 • Sérgio Costa
O Governo anuncia o adiamento das atividades festivas do 25 de abril. O que vai ser adiado?
É adiada toda a atividade festiva da responsabilidade do Governo, bem como cancelada a presença de governantes na agenda festiva do 25 de abril.
Um dos eventos suspensos ou adiados é a tradicional festa no jardim da residência oficial do primeiro-ministro, que costuma abrir as portas para várias atividades e concertos na tarde de dia 25. Segundo o gabinete do ministro da Presidência, esse é um exemplo de evento que não foi cancelado, mas adiado, contudo, ainda não tem data definida para ocorrer.
E a sessão solene no 25 de abril, também é adiada?
Essa iniciativa não. A sessão solene mantém-se porque é organizada por um órgão autónomo como é o caso da Assembleia da República. Ou seja, vamos ver a habitual sessão com discursos dos diferentes protagonistas políticos.
O que justifica esta decisão de adiar as atividades festivas?
Após o Conselho de Ministros de ontem que aprovou o decreto do luto nacional de três dias pela morte do Papa Francisco, o ministro António Leitão Amaro disse que a legislação aplicável ao luto nacional prevê restrições e limitações. Exemplo disso é a colocação da bandeira a meia haste e a reserva relativamente às celebrações. É neste quadro que o Governo adia momentos festivos. Hoje é o primeiro dia de luto nacional que se irá estender até ao próximo sábado, dia do funeral do Papa Francisco.
Estamos a menos de 24 horas do Dia da Liberdade, essa comunicação já foi feita aos organizadores dos eventos onde o Governo não participa?
O Governo garante que sim, que foi já comunicado às entidades organizadoras desses eventos, que os elementos do Governo não participarão nessas iniciativas e eventos de celebração durante este período, que para o Governo este é um período de consternação e de homenagem sincera e profunda.
Há quem siga o exemplo do Governo, por por exemplo, nas câmaras municipais?
Sim, é o caso da Câmara Municipal de Sintra, que não vai realizar a habitual cerimónia do hastear da bandeira, prevista para as 10 horas do dia 25. O concerto esgotado dos The Black Mamba no Centro Cultural Olga Cadaval também foi cancelado, tal como a inauguração de “O Humor é Fixe”, uma nova exposição dedicada a Mário Soares.
A Câmara de Santa Marta de Penaguião também confirmou alterações à programação.
Já a autarquia de Murça optou por cancelar todas as atividades relacionadas com o 25 de Abril, sem previsão de reagendamento.
E a tradicional marcha na Avenida da Liberdade, mantém-se?
A marcha na Avenida da Liberdade vai avançar. Nada será alterado nesse sentido, só mesmo as atividades organizadas pelo Governo e por algumas autarquias
Isto já aconteceu alguma vez?
Não exatamente igual. É preciso recuar 14 anos para encontrar o último 25 de Abril que não tenha tido sessão solene no Parlamento. Em 2011, o país vivia uma crise política, houve dissolução da Assembleia da República e a comemoração oficial mudou-se de São Bento para o Palácio de Belém. Antes de 2011, em 1983 não houve porque havia eleições no mesmo dia; em 1992, Mário Soares preferiu transferir as comemorações para Belém e em 1993 não houve devido ao protesto dos jornalistas parlamentares.