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Fernando J. Regateiro
Opinião de Fernando J. Regateiro
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​Dia de Natal, tempo de esperança

24 dez, 2015 • Opinião de Fernando J. Regateiro


A esperança conduz ao empenho e à perseverança, ao alívio dos cansaços dos caminhos da vida, ao exercitar da confiança, da paciência e do saber esperar.

Amanhã é dia de Natal, uma data que remete para um tempo de renovação da esperança associada à Natividade. Assim motivado, faço votos de que este tempo seja, convicta e confiadamente, de abertura ao “outro” – de que carecemos para nos sabermos humanos – e à novidade, e que seja também um tempo para a virtude, como disposição natural para a prática do bem.

A esperança conduz ao empenho e à perseverança, ao alívio dos cansaços dos caminhos da vida, ao exercitar da confiança, da paciência e do saber esperar. A esperança diz-nos que uma nova partida está sempre à nossa espera e que “para a frente é que é o caminho”, como aponta António Machado: “Caminhante, são teus rastos / o caminho, e nada mais; / caminhante, não há caminho, / faz-se caminho ao andar. / Ao andar faz-se o caminho, / e ao olhar-se para trás / vê-se a senda que jamais / se há-de voltar a pisar. / Caminhante, não há caminho, / somente sulcos no mar.”

Como parte da trilogia cristã “fé, esperança e caridade”, a esperança é virtude. Com ela, e seguindo Luísa de Castro Soares, o “homem inicia (…) o seu processo ascensional e reorganiza-se no novo Homem, sendo que o espaço ideal é a aurea aetas, o arquetípico lugar de felicidade, ou a conquista da Terra Prometida”.

A esperança é gerada e alimentada pelo homem. Mas o ser humano é biologicamente finito. Com uma ontologia multidimensional, em cada homem coabitam a razão e a esperança. E da esperança vivida por cada homem, nada sobrevive à sua morte, como herança material para os vindouros.

A questão que me tenho vindo a pôr, e para a qual não encontrei resposta, tem a ver com as condições necessárias e suficientes para gerarem o “momento” em que se “anima” a esperança, em que esta ganha vida própria, se liberta da própria razão e se torna presente de “coisa futura”. Será pela vivência da virtude nos limites de um viver humano? Ou será pela vivência do compromisso de Miguel Torga: “… Basta que a alma dêmos, / Com a mesma alegria, / Ao que desconhecemos / E ao que é do dia-a-dia.”

Feliz Natal e Bom Ano Novo. Boas Festas!

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