04 out, 2017
Passos Coelho não se recandidata às “primárias” para escolher o líder do PSD – dificilmente poderia candidatar-se depois da pesada derrota nas autárquicas. Passos tornou-se muito impopular, porque chefiou o Governo que se seguiu em 2011 à quase bancarrota provocada pelas loucuras despesistas do governo socialista de Sócrates.
Muita gente que não vê para além do seu umbigo julga que a violenta austeridade imposta pela “troika” através do executivo PSD/CDS resultou de um instinto sádico de Passos Coelho. Não percebe que a maior parte dos cortes e das restrições então impostas era indispensável para o Estado português ter dinheiro para as suas tarefas básicas.
Passos Coelho resistiu com enorme coragem e até serenidade ao desgaste das medidas impopulares. Numa situação de emergência, sob grande pressão, cometeu erros. Mas acertou no essencial: conseguiu baixar um défice orçamental de 11% do PIB em 2010 para pouco mais de 3% cinco anos depois, e sair do programa de ajustamento. O país deve-lhe isso, que não foi pouco.
Na oposição, porém, Passos Coelho não logrou afirmar-se pela positiva, parecendo ter ficado permanentemente ressentido por, tendo ganho as eleições de 2015, afinal ter sido António Costa, que as perdeu, quem assumiu o cargo de primeiro-ministro. Na política não se pode contar com a gratidão das pessoas. Churchill ganhou a II guerra mundial, a partir de uma situação muito desfavorável, e perdeu as eleições em 1945.