03 jan, 2025
O colapso do comunismo soviético, em 1991, parecia ter libertado os europeus da necessidade de se defenderem - o inimigo desaparecera. Mas era uma ilusão.
Para encurtar argumentos, bastará lembrar que a Suécia e a Finlândia, dois países de longa tradição neutral, decidiram recentemente fazer parte da NATO. O motivo desta decisão está no clima de incerteza que paira quanto às intenções da Rússia em matéria de política externa.
Em 24 de Fevereiro de 2022 a Rússia invadiu a Ucrânia. Putin, o líder russo, quer afastar-se de um Ocidente que ele considera decadente e corrupto, enquanto elege o seu próprio país como um exemplo de virtudes tradicionais.
Se a Rússia invadiu a Ucrânia, porque razão não irá o expansionismo russo manifestar-se outra vez? Convém lembrar que a Rússia dispõe do maior arsenal nuclear do mundo – algo que Putin não se cansa de sublinhar.
O mundo não está menos perigoso do que no tempo do confronto com a União Soviética. A diferença é que, agora, quem vai liderar os EUA é Trump, que encara as relações internacionais como um mero problema de comércio externo.
Trump vai exigir que os países da NATO paguem mais para a sua própria defesa. Se não o fizerem, os EUA de Trump desinteressam-se de promover a sua defesa e a NATO deixa de ter sentido. Se tal acontecer, não poderá funcionar o atual artigo 5.º da Aliança Atlântica, que considera que um ataque a um país membro da NATO é um ataque a todos os outros países membros.
Os países da NATO comprometeram-se a dedicar à segurança e defesa pelo menos 2% do seu Produto Interno Bruto (PIB). Portugal está longe de atingir essa meta; e já se fala numa meta de 3% ou mais.
Assim, os países europeus da NATO vão ter que gastar mais na defesa e sobretudo terão que gastar melhor. Por exemplo, eliminando incompatibilidades entre os equipamentos militares de vários países. O que poderá ser conseguido com maior eficácia se o processo tiver intervenção da NATO.