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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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​Depois do colapso do comunismo soviético

03 jan, 2025 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Os países europeus da NATO vão ter que gastar mais na defesa e, sobretudo, terão que gastar melhor. Por exemplo, eliminando incompatibilidades entre os equipamentos militares de vários países. O que poderá ser conseguido com mais eficácia se o processo tiver intervenção da NATO.

O colapso do comunismo soviético, em 1991, parecia ter libertado os europeus da necessidade de se defenderem - o inimigo desaparecera. Mas era uma ilusão.

Para encurtar argumentos, bastará lembrar que a Suécia e a Finlândia, dois países de longa tradição neutral, decidiram recentemente fazer parte da NATO. O motivo desta decisão está no clima de incerteza que paira quanto às intenções da Rússia em matéria de política externa.

Em 24 de Fevereiro de 2022 a Rússia invadiu a Ucrânia. Putin, o líder russo, quer afastar-se de um Ocidente que ele considera decadente e corrupto, enquanto elege o seu próprio país como um exemplo de virtudes tradicionais.

Se a Rússia invadiu a Ucrânia, porque razão não irá o expansionismo russo manifestar-se outra vez? Convém lembrar que a Rússia dispõe do maior arsenal nuclear do mundo – algo que Putin não se cansa de sublinhar.

O mundo não está menos perigoso do que no tempo do confronto com a União Soviética. A diferença é que, agora, quem vai liderar os EUA é Trump, que encara as relações internacionais como um mero problema de comércio externo.

Trump vai exigir que os países da NATO paguem mais para a sua própria defesa. Se não o fizerem, os EUA de Trump desinteressam-se de promover a sua defesa e a NATO deixa de ter sentido. Se tal acontecer, não poderá funcionar o atual artigo 5.º da Aliança Atlântica, que considera que um ataque a um país membro da NATO é um ataque a todos os outros países membros.

Os países da NATO comprometeram-se a dedicar à segurança e defesa pelo menos 2% do seu Produto Interno Bruto (PIB). Portugal está longe de atingir essa meta; e já se fala numa meta de 3% ou mais.

Assim, os países europeus da NATO vão ter que gastar mais na defesa e sobretudo terão que gastar melhor. Por exemplo, eliminando incompatibilidades entre os equipamentos militares de vários países. O que poderá ser conseguido com maior eficácia se o processo tiver intervenção da NATO.

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  • Cortes e desinvestim
    03 jan, 2025 Portugal 10:35
    Putin tem o maior arsenal nuclear do Mundo, mas só em número: 6000 ogivas contra 5800 do Ocidente (EUA, França e Inglaterra). Mas parte substancial dessas ogivas, ou estão inoperacionais, ou são "meramente" táticas, o que significa que neste momento em termos de armas nucleares operacionais para serem lançadas, o Ocidente leva a dianteira. E convenhamos, não é preciso destruir 15 vezes o alvo: basta uma. No resto, quando havia uma multidão de Países incumpridores encostados aos EUA de que dependiam quase a 100% para a Defesa, Portugal grande incumpridor, ainda ia passando despercebido pelos pingos da chuva. Agora já não pode fazê-lo e arrisca seriamente a que quando chegar aos tais 2% do PIB, diz-se que em 2029, a NATO diga:"2%? Estão a dormir ou quê? 3% é o novo mínimo e é para já, não é para daqui a 5 anos". Recuperar décadas de sucessivos cortes e desinvestimento dá nisto.