06 jan, 2025 • Francisco Sarsfield Cabral
No próximo dia 15 deverá tomar posse Daniel Chapo, o presidente eleito de Moçambique, nas eleições de 9 de Outubro. Mas há quem duvide que tal aconteça, tendo em conta as convulsões que ali ocorrem, sob a forma de protestos contra os resultados eleitorais. Nesses protestos destaca-se Venâncio Mondlane, candidato que, segundo o Conselho Constitucional, obteve apenas 24% dos votos, mas que reclama vitória. Mondlane tem agido e falado a partir do estrangeiro.
Têm sido semanas de protestos a exigirem a "reposição da verdade eleitoral”, com barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia, que tem vindo a realizar disparos para tentar a desmobilização. A Renascença tem seguido a situação em Moçambique, ao contrário da maior parte da comunicação social portuguesa. Trata-se, de facto, da crise mais grave em Moçambique desde a independência do país.
O padre Tony Neves, dos Missionário Espiritanos, entrevistado por Ângela Roque, disse que “Moçambique corre o risco de ficar à deriva, como o Haiti”. E acrescentou, referindo-se ao que viu: “Foi terrível: muitos tiroteios, incêndios, destruições, mortes, pilhagem generalizada. O governo desapareceu. A polícia e os militares também sumiram, e entregaram, assim, o país a um povo na rua, a um povo descontrolado, comandado por grupos que pareciam funcionar à moda de gangues. Quase não houve celebrações de Natal”.
Nas semanas anteriores a Renascença ouvira vários bispos de Moçambique, alertando para a trágica situação no país. Mas as suas palavras não foram ouvidas pelos que promovem os protestos nem pela polícia que procura travar esses protestos.
Será que a posse do novo presidente da República acalmará as coisas? É o que preconiza Joaquim Chissano, ex-presidente de Moçambique. Oxalá.