13 jan, 2025 • Francisco Sarsfield Cabral
Quem, como é o meu caso, comenta assuntos de política internacional, acaba por falar sobretudo de países e comunidades que atravessam graves problemas. Neste mês de Janeiro abordei, por exemplo, a tragédia em Gaza e as dificuldades em Moçambique. É altura de falar de algo menos dramático – o Canadá.
Trump, que quer mexer com a Gronelândia e com o canal do Panamá, eventualmente usando a força militar, preconiza que o Canadá se torne mais um estado dos EUA. Uma das vantagens, para o Canadá, seria não ter barreiras alfandegárias em relação aos EUA. É curioso que Trump aponte essa vantagem, ele que tanto gosta de elevados direitos aduaneiros.
Entretanto, o semanário britânico The Economist, que não é uma publicação humorística, veio propor que o Canadá solicite a sua integração... na União Europeia, considerando os canadianos como “europeus honorários”. Escreve o Economist que a Europa comunitária tem falta de espaço e de recursos, enquanto o Canadá precisa de pessoas. Eis a base para procurar um acordo com a UE.
A UE veria o seu território praticamente triplicar de tamanho, enquanto a sua população registaria um aumento de apenas 40 milhões de pessoas (são atualmente 440 milhões na UE). A UE e o Canadá ambos gostam do comércio livre e preocupam-se com o aquecimento global; e ambos não gostam de armas, nem da pena de morte ou de agressões da Rússia.
O Canadá participa em vários esquemas da UE. Até há um acordo comercial assinado em 2017, mas que ainda não foi ratificado para dez países membros da UE. Diz o Economist que os europeus poderiam começar por concretizar esse acordo.
O Canadá não se encontra em condições, neste momento, de negociar a sua adesão à UE – Justin Trudeau, o seu primeiro ministro desde há nove anos, demitiu-se há dias. E falta saber o que pensam os canadianos destas propostas de junção aos EUA e à UE.