20 jan, 2025
No seu último discurso a partir da Casa Branca, Joe Biden alertou para a transformação dos EUA numa oligarquia. Esta chamada de atenção fez recordar o alerta do presidente Eisenhower, em 1961, para o excessivo poder do complexo militar industrial.
Eisenhower tinha estado dois mandatos na Casa Branca; e antes disso tinha sido um general vencedor da II Guerra Mundial. Joe Biden não terá tanta influência como ele, mas não há dúvida de que o problema da crescente concentração da riqueza nos EUA merece ser olhado com muita atenção e preocupação.
Joe Biden alertou para uma "perigosa concentração de poder nas mãos de um punhado de pessoas ultra-ricas" que pode ter "consequências perigosas se não for controlada”. Afirmou ele: "hoje, uma oligarquia está a ganhar forma na América, de extrema riqueza, poder e influência, que ameaça literalmente toda a nossa democracia, os nossos direitos e liberdades básicas, e uma oportunidade justa para todos progredirem".
A forte concentração da riqueza deve ser uma preocupação de todos. Não é uma questão de inveja dos mais ricos, como alguns pretendem. É um problema social e político que mina a coesão da sociedade. Por isso vários multimilionários já vieram a público reclamar pagar mais impostos. Queixam-se vários deles de que as respetivas secretárias pagam mais impostos do que eles.
Até há cerca de cinquenta anos os EUA eram mais empenhados no combate às desigualdades económicas, nomeadamente através dos impostos. Hoje, porém, não só se assiste a uma “concentração perigosa de poder nas mãos de um punhado de pessoas ultra ricas”, como a administração Trump será a mais rica da história, contando com vários multimilionários e com o homem mais rico do mundo, Elon Musk.
Dá-se, assim, o paradoxo de Trump se apresentar como o representante dos que ficaram para trás no acesso a uma situação económica favorável e, ao mesmo tempo, se rodear de colaboradores riquíssimos.