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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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Um governo de multimilionários

22 jan, 2025 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


As políticas de Trump, de deportar imigrantes, de embarcar em guerras comerciais e de não reconhecer a necessidade de uma transição energética, poderão afetar a popularidade do presidente. O futuro o dirá.

O executivo norte americano, que tomou posse na segunda feira passada, é um governo de multimilionários. Já aqui falei do paradoxo de Trump, que se faz passar pelo representante dos desfavorecidos pelo progresso, governar os EUA com pessoas riquíssimas, que não sentem as dificuldades dos americanos que não são ricos. Mas um governo de gente muito rica também não se mostra sensível aos problemas levantados por políticas como a deportação de milhões de imigrantes ou aos reflexos económicos das guerras comerciais.

Trump vai deportar do país centenas de milhares de imigrantes. Não o preocupam os sofrimentos sociais provocados por essa política. Nem se mostra consciente dos prejuízos que daí decorrem para inúmeros pequenos empresários americanos em setores como a agricultura ou a construção civil, que serão prejudicados pela falta de imigrantes. São problemas que passam ao lado dos riquíssimos multimilionários que agora rodeiam Trump.

Também não preocupam Trump os custos que as guerras comerciais irão trazer para o mundo, incluindo os próprios EUA. O mercado interno do país é excecionalmente vasto, o que permite que empresas ali instaladas possam atingir volumes expressivos de produção e vendas sem recurso ao comércio externo.

Mas muitas outras empresas americanas precisam de recorrer à exportação para obterem lucros, bem como necessitam de importar para poderem funcionar. Se Trump gosta tanto de subir direitos alfandegários às importações, não parece estar sensível aos prejuízos para muitas empresas americanas decorrentes de previsíveis escaladas nas guerras comerciais que aí vêm.

É provável que os custos, para os americanos, decorrentes das políticas anti-imigração e das guerras comerciais, a médio prazo se traduzam numa queda da popularidade do presidente Trump. O que talvez leve a abrandar a energia furiosa com que ele entrou de novo na Casa Branca

Algo semelhante se pode dizer do desprezo que Trump exibe quanto à transição para fontes de energia menos poluentes do que o petróleo. Para já, ele incita os americanos a pesquisarem e a produzirem mais e mais petróleo. Trump, contra toda a ciência, não acredita nas alterações climáticas. A médio prazo, porém, algumas vozes poderão surgir na sociedade americana alertando para essa evolução suicida, com influência na opinião pública do país.

Serão demasiado otimistas estas possibilidades de, até certo ponto travarem, os instintos de Trump? Talvez, mas o futuro nos esclarecerá.

Francisco

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