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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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​Política e mercado

07 fev, 2025 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


As regras e normas estatais multiplicam-se, infernizando a vida das empresas e das pessoas. Seria muito cómodo prescindir da política e deixar funcionar apenas o mercado. Mas seria desumano.

O semanário britânico The Economist dedicou o seu último número à “revolta contra a regulação”. Trata-se de uma reação generalizada contra a multiplicação de normas e proibições que entravam a vida das empresas e das pessoas.

Por exemplo, nos EUA as normas federais constavam em 20 mil páginas na década de 1960, mas agora já precisam de 180 mil páginas. As leis na Alemanha reclamam hoje 60% mais palavras do que na década de 1990. Etc. Naturalmente que as pessoas, nomeadamente as que trabalham em empresas, gastam agora grande parte do seu tempo a tentarem dar-se conta das regras que visam a atividade dessas empresas.

Mas o Economist discorda da posição de Trump nesta matéria. Através de Elon Musk, Trump acaba com funções essenciais de governo antes de concretizar as funções que ele valoriza. Esta é uma fórmula para a miséria humana e para prejudicar a economia, diz o Economist.

Por outro lado, o presidente da Argentina Javier Milei é elogiado por ter eliminado muitas das regras que dificultavam a atividade empresarial. Mas a pobreza aumentou naquele país. Os mais desfavorecidos são, em regra, quem mais sofre com a tendência para empurrar tudo para o mercado, abdicando de valores éticos.

Teoricamente seria possível confiar apenas no mercado e desistir da política. Mas tal levaria a um aprofundamento brutal das desigualdades económicas, que já se encontram a nível preocupante. E seria uma demissão perante o imperativo de, através da política, dar um sentido de justiça ao viver coletivo.

Seria muito cómodo prescindir da política e deixar funcionar apenas o mercado. Mas seria caminhar para uma sociedade desumana.

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  • Padaria Portuguesa
    08 fev, 2025 Livra! 12:46
    Imagino o que seria, por exemplo por cá, país de "empresários" fanáticos da gestão "Padaria Portuguesa": horários de 14/16 h com 60h de trabalho semanal minimo, precariedade total, despedimentos arbitrários e sem qualquer indemnização, zero de progressões e carreiras, e "salários" negociados caso a caso, ou seja, "levas 300€ por 16 h diárias e não digas que vais daqui". Se com Legislação Laboral, que mesmo assim o Patronato considera abusiva, é o que se vê no atropelo de Direitos, o que seria se não houvesse qualquer regulação a não ser a do "Mercado"?