17 fev, 2025
No seu estilo fanfarrão, Trump anunciara mais do que uma vez que iria pôr termo à guerra na Ucrânia em menos de 24 horas. Mas passavam as semanas e a paz continuava adiada. Foi então que Trump ligou ao seu amigo Putin e esteve mais de uma hora a falar com ele.
Zelensky bem tinha insistido em que qualquer negociação com a Rússia deveria ter a participação da Ucrânia. Mas Trump adiantou-se. Assim ficou claro que a Ucrânia teria de renunciar ao regresso às suas fronteiras de 2014 (quando a Rússia invadiu a Crimeia) e também teria de desistir de entrar na NATO.
Estas concessões não tiveram contrapartidas em vantagens para a Ucrânia. Pior do que isso, a Ucrânia não poderá exigir essas contrapartidas nas negociações com Putin, que provavelmente serão uma mera fachada – o essencial já foi assente em negociações diretas Trump-Putin.
Os ucranianos sentem-se traídos, naturalmente. Há quem considere estranhas estas negociações, onde as concessões à Rússia são feitas antes de a Ucrânia nelas participar. E recorda-se o trágico caso das concessões feitas a Hitler em 1938, no chamado acordo de Munique, que não evitou, antes precipitou, o início da segunda Guerra Mundial.
Os países europeus também se sentem marginalizados, não obstante António Costa, presidente do Conselho Europeu, salientar que a paz na Ucrânia e a segurança na Europa são inseparáveis. Lembra A. Costa que não haverá uma paz duradoura sem a Ucrânia e sem a União Europeia.
Ainda por cima temos de ouvir o secretário da Defesa dos EUA afirmar que a Europa tem a “sorte de ter o melhor negociador do planeta, Donald Trump”...
Mas Trump está entusiasmado pela perspetiva de explorar metais valiosos nas terras raras da Ucrânia, como pagamento pelas ajudas a esse país. É o que parece interessar-lhe, bem mais do que a paz.