05 mar, 2025
Como qualquer autocrata, Trump tem más relações com os jornalistas e com a liberdade de informação. É natural – os jornalistas denunciam atentados à sua missão de informar e a muitas outras práticas democráticas. Trump não gosta de ser criticado. Pena é que Trump não seja penalizado pelas mentiras que costuma usar nas suas intervenções, várias delas óbvias, mas impunes.
Contrariando um saudável hábito antigo, a Casa Branca passou a escolher os jornalistas que cobrem de perto a presidência dos Estados Unidos. Por exemplo, quem não passou a chamar Golfo da América ao Golfo do México não pode entrar na Casa Branca nem no Air Force One, o avião que normalmente transporta o Presidente dos EUA e onde ele frequentemente fala aos jornalistas.
Mas há outros sinais. O Washington Post (WP) é um prestigiado jornal. Mas esse prestígio tem vindo a cair, porque o seu atual proprietário, Jeff Bezos, se aproximou de Trump, tendo impedido o jornal de se declarar favorável a Kamala Harris, na recente eleição presidencial. Foi a primeira vez que o WP não manifestou a sua preferência por um dos candidatos presidenciais.
Mais: Bezos, interferindo na liberdade editorial do seu jornal, na semana passada determinou que o WP, nas suas páginas de opinião, deverá concentrar-se na defesa de "liberdades individuais" e do "mercado livre", deixando de publicar pontos de vista contrários a estes. Ou seja, o WP passou a ser um órgão de propaganda de Trump.
Naturalmente que esta decisão levou à demissão do editor de opinião do jornal. E o responsável pelas páginas económicas do WP disse que "se Bezos tentar interferir nas notícias, apresentarei de imediato a demissão e saberão disso".
Recorde-se que o multimilionário Jeff Bezos doou um milhão de dólares à campanha eleitoral de Trump.