07 mar, 2025
Todo o mundo é feito de mudança, escrevia Camões há seis séculos. Este dito célebre é hoje evocado, porque estamos a assistir a uma profunda mudança na cena internacional em apenas algumas semanas.
Durante décadas os europeus habituaram-se a ser militarmente defendidos pelos Estados Unidos (EUA). Mas hoje e depois do que se passou nos últimos dias, essa proteção não está garantida. Daí que seja urgente que os países europeus avancem com sérios investimentos na sua própria defesa.
A invasão da Ucrânia pela Rússia, há três anos e alguns dias, levou a que os países europeus, liderados pelos EUA, fizessem uma frente de apoio ao país agredido, o que incluiu fornecimento de armas e munições. Mas os EUA já não estão empenhados na segurança dos europeus, nomeadamente dos ucranianos. A NATO encontra-se em perigo de vida. A Associação dos Ucranianos em Portugal defende que os EUA estão a "pressionar a vítima e não o agressor" nas negociações para a paz na Ucrânia.
Com Trump na presidência, os EUA apostaram num entendimento com Putin, deixando de valorizar as pretensões da Ucrânia e dos europeus. Por isso humilharam Zelensky em direto na TV, considerando-o um obstáculo aos seus intentos – e aos de Putin. O porta-voz do Kremlin aplaudiu vivamente a nova posição dos EUA.
Cabe aos europeus substituírem-se aos americanos, desde logo no apoio político, financeiro e militar à Ucrânia. É uma tarefa gigantesca, mas irrecusável. Ouça-se o aviso da ministra dos Negócios Estrangeiros da Finlândia: “A história ensina-nos que a Rússia só respeita a força e a determinação”.
Francisco S