10 mar, 2025
Interrompo hoje a análise sobre a situação internacional porque a situação portuguesa se aproxima de uma crise que pode ser fatal para o futuro da democracia em Portugal.
O país parece ingovernável. E a prevista queda do executivo da AD oferece aos opositores da democracia argumentos poderosos. Ninguém quer eleições legislativas no curto prazo, mas tudo foi feito para que elas acontecessem.
A democracia não funciona, dirão os que querem um regime mais “musculado”. Por outras palavras, os políticos democráticos nacionais oferecem ao Chega e aos críticos da democracia uma clara prova de que os partidos não sabem respeitar o interesse do país.
Teremos assim 14 eleições em sete anos, como referia o editorial do Público de sexta-feira passada. Os políticos dos principais partidos democráticos e o próprio Presidente da República vão sair mal desta crise política.
E o PS, ao avançar com a proposta de uma comissão parlamentar de inquérito ao primeiro ministro, manifestou cobardia e cinismo, como acusou Francisco Mendes da Silva naquele jornal. Tratava-se de queimar Montenegro em lume brando, ao longo de muitas semanas. As credenciais democráticas de que se orgulham os socialistas foram aqui esquecidas.
Tudo indica, dizem, que a crise política não será evitada. Mas acredito que, se os líderes do PS e da AD estiverem seriamente empenhados em poupar a democracia a este quase suicídio, seriam capazes de o fazer, mesmo na última hora.
Francisco