17 mar, 2025
Portugal começa a encarar o imperativo de investir mais na defesa. Irá comprar jatos americanos?
Em entrevista à Renascença e ao jornal Público, o ministro da Defesa, Nuno Melo, afirmou, referindo-se aos EUA: “esse nosso aliado, que ao longo de décadas foi sempre previsível, (agora) poderá trazer limitações na utilização, na manutenção, nos componentes, em tudo aquilo que tem a ver com a garantia de que as aeronaves serão operacionais e serão utilizadas em todo o tipo de cenários”. Ou seja, aquelas limitações afastam a compra de aviões F-35 aos EUA.
Este caso ilustra as dificuldades de lidar com o país de Trump. Quando os EUA eram o líder do mundo não coletivista, a situação era clara e não colocava problemas. Hoje, porém, os EUA de Trump são outra coisa. Só que os aliados europeus, se têm que tomar precauções (como não comprar jatos aos americanos), não podem contribuir para que os EUA se desliguem completamente de relações com os países europeus.
A NATO, a mais bem sucedida aliança militar da história, é um bom exemplo. Os europeus procuram evitar que os EUA ponham totalmente fim à aliança atlântica, por exemplo retirando do solo europeu os militares americanos. Por isso frequentemente não contrariam o atual presidente dos EUA, Donald Trump, apesar de não acreditarem em muito do que ele diz. São exigências da diplomacia.
Os EUA já não podem considerar-se aliados e protetores dos países europeus, mas não são inimigos, embora por vezes tratem pior os países considerados amigos do que o país - a Rússia – que invadiu a Ucrânia e é o agressor.
A relação Europa-EUA encontra-se numa situação muito diferente da que prevaleceu durante décadas, exigindo dos políticos europeus redobrados cuidados. Importa não irritarem Trump...
Francisco