21 mar, 2025
Na passada terça-feira, Trump e Putin falaram pelo telefone durante quase duas horas. A Rússia prometeu suspender durante 30 dias ataques contra infraestruturas energéticas e vão ser iniciadas negociações sobre tréguas no Mar Negro. Mas o essencial não se concretizou: uma posição clara de Moscovo sobre a proposta de um cessar-fogo na Ucrânia.
Há semanas que a Ucrânia e os países europeus aguardam que a Rússia de Putin afirme se concorda, ou não, com o cessar-fogo. Trump, que em tempos disse que conseguiria a paz na Ucrânia em 24 horas, multiplica-se em afirmações considerando positivas as posições de Moscovo. Ele diz confiar em Putin, mas há quem tenha dúvidas e quem receie que Trump esteja a ser manipulado por Putin.
Entretanto, Trump tem exercido fortes pressões sobre... a Ucrânia e não sobre a Rússia. Por isso subiu o apoio dos ucranianos a Zelensky. Trump suspendeu o apoio dos EUA à Ucrânia em armas e retirou aos ucranianos informações vitais sobre a situação no terreno do conflito, até a Ucrânia concordar com o cessar-fogo.
Não é animador, do ponto de vista da Ucrânia, o entusiasmo que os políticos e os “media” russos manifestam quanto às posições de Trump. O que suscita alarme em Zelensky, o presidente ucraniano, que Trump humilhou na Casa Branca perante as câmaras de televisão.
Tarda uma resposta positiva e clara da Rússia sobre o cessar-fogo. Daí que se especule sobre a vontade, ou falta dela, de Putin quanto à paz.
É de facto possível que não interesse a Putin um cessar-fogo imediato – as forças russas têm avançado no terreno. Trump julgava que, oferecendo concessões aos russos, estes iriam aderir logo ao cessar-fogo. Mas os russos sentem-se confortáveis com a atual situação de guerra. Até quando, não sabemos.