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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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​Perspetivas económicas

24 mar, 2025 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


2024 foi um ano excecional para o rendimento das famílias. Para os anos seguintes não se estimam subidas como a do ano passado, mas não deverá haver retrocessos. A crise política nacional e a guerra comercial desencadeada pelos EUA não beneficiam a economia.

O rendimento disponível das famílias teve em 2024 um crescimento excecional: 7,8%, descontando a inflação, logo em termos reais. No ano passado houve subidas nos salários e nas pensões, bem como uma redução do IRS, o que se traduziu naquele aumento do dinheiro nos bolsos das famílias.

Foi um aumento excecional, que não se repetirá no ano corrente nem nos próximos anos. Mas não deverá haver recuos, apenas crescimentos mais moderados, em termos reais. Prevê-se que produto interno bruto (PIB) de Portugal, que subiu 1,9% em 2024, cresça 1,4% no ano corrente, subindo ligeiramente para 1,7% em 2026 e de novo 1,9% em 2027.

Em 2025 dois fatores contribuem para o abrandamento na subida do PIB e do rendimento das famílias. As incertezas e os atrasos decorrentes da crise política nacional, com novas eleições que não ajudam a atividade económica. Cláudia Azevedo, CEO da Sonae, considerou que 2025 é um ano perdido e pediu responsabilidade aos políticos. “Os políticos têm de se focar nas pessoas e governar para as pessoas”, afirmou.

O outro fator de travagem na economia diz respeito à guerra comercial desencadeada por Trump, com a imposição de elevados direitos alfandegários nas importações dos Estados Unidos. Esta guerra, que apenas está a começar, poderá agravar-se com as retaliações dos países mais atingidos por aquelas barreiras aduaneiras. São de prever consequências negativas para a atividade económica mundial. Os meios de negócios encaram com pessimismo o que se vai passar.

Mas não se espere que Trump ponha de lado a guerra comercial. Multiplicar obstáculos às importações não tem sentido do ponto de vista económico, exceto em casos especiais, mas dá a quem decide tais obstáculos uma grande sensação de poder. Com esta sua política Trump prejudica os próprios americanos, mas ele ignora a racionalidade económica, preocupando-se apenas com a importância que pessoalmente lhe confere esta política mercantilista própria do século XVIII.

Francisco

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