21 abr, 2025
A economia americana cresceu 2,8% em 2024. Um crescimento que, não sendo espetacular, foi superior ao crescimento económico na zona euro, que não chegou a 1% no ano passado.
Mas a economia dos EUA tem pontos fracos. Por exemplo, o défice orçamental foi de 6,6% do PIB (produto interno bruto) em 2024. A dívida pública americana ultrapassou 120% do PIB. E a balança comercial regista défices há décadas.
Estes desequilíbrios têm sido disfarçados pelo “privilégio” da moeda americana, o dólar, ser uma divisa de reserva internacional. Mais de 60% das reservas cambiais no mundo são constituídas por dólares.
Só que nas últimas semanas aqueles desequilíbrios se agravaram. O dólar caiu mais de 4% face ao euro. E subiram os juros das obrigações do Tesouro dos EUA; ou seja, o país tem de pagar juros mais elevados quando emite dívida, para compensar o maior risco de vir a acontecer uma crise.
Na dívida a dez anos, os investidores estão a exigir aos EUA juros de 4,4%, quando na dívida alemã se contentam com um juro de 2,5% e na dívida portuguesa se ficam por um juro de 3,1%. Começam, assim, a acender-se as luzes de alerta nos EUA.
Os investidores começam a vender os seus títulos da dívida americana. O dólar já não é uma divisa de refúgio face às ameaças financeiras. Por isso o ouro sobe de preço.
O brutal aumento do protecionismo imposto por Trump e as suas queridas tarifas acentuam os receios quanto à situação financeira dos EUA. O caos que as medidas de Trump trouxeram é um dos mais violentos choques que a economia e a sociedade dos EUA experimentaram ao longo da história.
Trump procura convencer os investidores alegando que aos problemas imediatos se seguirão tempos felizes. Mas é difícil acreditar em tal otimismo, até porque a história mostra que o protecionismo não favoreceu o crescimento económico dos EUA.