17 jan, 2025 • André Rodrigues , Olímpia Mairos
“As câmaras também vivem na era do Instagram e só querem renovar as zonas finas e chiques dos turistas”, diz o comentador Henrique Raposo no comentário à reportagem da Renascença na escarpa das Fontaínhas, na cidade do Porto, onde diversos imigrantes em situação de sem abrigo enfrentaram as baixas temperaturas dos últimos dias nas tendas em que pernoitam habitualmente.
“Esquecem as periferias - quer as periferias interiores, há bairros pobres dentro do Porto e dentro de Lisboa -, quer também as periferias suburbanas, que vivem sempre fora deste mapa político dos autarcas, que vivem muito para o Instagram, parecem ‘influencers’ às vezes”, assinala.
“A reportagem fala de um tanque comunitário onde a água não é boa e as pessoas usam, a Câmara do Porto pode mandar lá um canalizador consertar o tanque para as pessoas terem água decente, e a um nível mais macro, nós somos o segundo país da Europa com mais casas desabitadas, 700 mil casas por habitar”, prossegue, afirmando não perceber “porque é que não se fala deste assunto, e quando temos tantas pessoas na rua”.
No seu espaço de comentário n’As Três da Manhã, Raposo que defende que “devemos ter imigração”, considera que se queremos receber pessoas no país, é preciso dar-lhes “condições para que elas vivem de maneira digna”.
“Nós temos de ter condições para as receber, e não temos. As pessoas vivem na rua, ou vivem 30 pessoas numa casa em regime de cama quente, parece um submarino, e depois não há relação nenhuma, repito, não há relação nenhuma entre insegurança e imigração, em nenhum país do Ocidente”, completa.