20 jan, 2025 • Sérgio Costa , Cristina Nascimento
O comentador da Renascença Henrique Raposo considera que a perceção existente de que a maioria dos residentes em bairros sociais dependem do Estado é um "dos preconceitos mais irritantes".
"Provavelmente são as pessoas que mais trabalham", afirma o comentador, perante os números da reportagem da Renascença que aponta que mais de 25% das pessoas em três bairros sociais - um Lisboa, outro em Setúbal, outro no Porto - trabalham.
"Eu não acredito. Há muito mais gente a trabalhar, são pessoas que trabalham na economia paralela. Tu podes fazer uma vida inteira a fazer biscates nas obras, se fores homem ou ser mulher a dias, na economia paralela, sem declarar nada e muitas vezes fazem dois turnos ou três, o que for preciso", diz Raposo.
Neste espaço de opinião, o comentador afirma que estamos "num ponto de viragem" e que há uma irmandade entre quem é pobre, independemente da sua origem.
"Quando és pobre e neste momento estás a rapar um frio diabólico, não interessa se és branco, preto, lilás, amarelo... és pobre", argumenta, acrescentando que "com a chegada do Chega ao espaço público, criou-se a ideia de que brancos e pretos ou castanhos ou amarelos andam à bulha sempre entre si. Isso não é verdade".