14 mar, 2025 • Sérgio Costa , Olímpia Mairos
O comentador da Renascença Henrique Raposo diz que “Montenegro cheira a Sócrates” o que constitui “a pior bruma que se pode ter na política portuguesa”.
“O primeiro Sócrates, o Sócrates das Casas, 2007-2008, é isto”, afirma Raposo, explicando que “ainda não é um crime, não é uma corrupção faraónica, como foi depois, mas é uma ‘chicoespertice’ inaceitável num primeiro-ministro”.
Referindo-se a Montenegro, o comentador entende que “o que ele fez nos últimos anos é permitir que os filhos ganhem dinheiro com o facto de ele ser primeiro-ministro”.
“É uma ‘chicoespertice’ inaceitável num primeiro-ministro. Um primeiro-ministro, se aceita ser primeiro-ministro, deixa de ter filhos. O que ele tinha que fazer é, há um mês, quando foi descoberto: ‘oh, meus queridos, façam-se à vida. Esta empresa tem que acabar agora”, aponta.
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Questionado se Luís Montenegro tem condições para ser candidato, Raposo é perentório e diz que “não”, explicando que “esta bola de neve de falta de cor institucional passa para o PSD”.
“Então, o PSD não tem um senador que diga ao Montenegro: ‘oh meu caro amigo, vai à tua vida, porque isto não é um problema do Parlamento, nem do Governo, nem do partido, és tu que estás a mais. E nós nomeamos outro primeiro-ministro e tu vais à tua vida’, interpela.
Sobre o pedido, ontem à noite, do Presidente da República para uma “campanha digna”, Raposo diz que isso não vai ser possível, “porque todos os atores do regime, a começar no próprio Marcelo, permitiram o lançamento de uma nova eleição geral na lama”.
“Estamos, novamente, num sítio onde estávamos há um ano, que é lançar uma campanha eleitoral na lama, que é ótima, como sabemos, para os extremos”, vinca.
Por isso, é impossível termos dignidade nestas eleições, porque “as eleições não servem para dar razão a ninguém. Não servem para dar moral a ninguém. O Montenegro pode ganhar as eleições, mas o problema vai lá estar”, destaca.
No seu espaço de comentário n’As Três da Manhã, Raposo sublinha que este regime o faz lembrar, cada vez mais, “o fim que a monarquia liberal teve há mais de cem anos”.
“Era um regime parlamentar como qualquer outro na Europa, mas os partidos do centro envolveram-se constantemente em casos e casinhos, permitindo a abertura do flanco para o radicalismo da época, que, na época, era o jacobinismo do Afonso Costa. Hoje é o Chega”, assinala.
Raposo diz que a “falta de dignidade começou no próprio Marcelo, que é o Presidente da República”, justificando que o ‘homem da selfie’, que está em todo o lado, foi incapaz de puxar pelas orelhas, quer o primeiro-ministro, quer o líder da oposição, e sentarem-se à mesa, como três homenzinhos, em Belém”.
“Como é que o líder parlamentar do PS e o primeiro-ministro não se falam, não atendem o telefone um do outro, durante um mês? O Presidente da República não atende o telefone do primeiro-ministro e vice-versa?”, questiona, acrescentando que “isto é patético. Mas, o principal responsável é o próprio Montenegro”.