26 nov, 2018
“É caso para dizer que o Trumpismo calha a toda a gente, inclusive à esquerda caviar”. É deste modo que o comentador Henrique Raposo reage, na Renascença, ás declarações feitas pela ministra da Cultura, em Guadalajara.
“Uma coisa boa de se estar em Guadalajara é não ver jornais portugueses”, afirmou a ministra da Cultura, que tutela a comunicação social, no domingo.
Na perspetiva de Henrique Raposo, este tipo de afirmações são “populistas” e só alimentam “o universo das ‘fake news’”, além de alimentarem o ódio.
Sem discordar, Jacinto Lucas Pires, também comentador residente às segunda-feiras na Manhã da Renascença, acrescenta outro ponto de vista: “Também acho que, às vezes, há uma certa culpa de o jornalismo ficar fixado nestas frases. Às vezes, uma frase infeliz é infeliz, pronto, deixa passar”.
Lucas Pires considera que Comunicação Social e Cultura não deveriam estar sob a mesma tutela, mas sublinha que, "quando o poder está aliviado de estar longe dos jornais, quer dizer que o contrapoder do jornalismo está a fazer um bom trabalho”.
A Ucrânia, de novo
O conflito entre a Rússia e a Ucrânia foi outro tema no debate desta segunda-feira. O Conselho de Segurança da ONU reúne-se esta segunda-feira de emergência, depois do incidente com os barcos ucranianos no Mar Negro.
Na opinião de Henrique Raposo, existe um risco real de a guerra entre os dois países se reacender.
Apesar da “amizade incompreensível” entre o Putin e Donald Trump, a diplomacia americana “continua a fazer o que sempre fez” e a apoiar a Ucrânia. Segundo o Presidente ucraniano, os americanos vão agora ajudar o país a “proteger essa linha de enorme tensão”.
Henrique Raposo chama ainda a atenção para o facto de as guerras não começarem com potência emergentes (como é agora a China), mas “com uma potência em declínio e ressentida, como o caso da Rússia”.
E lembra que “a economia russa é menor do que a economia de Nova Iorque”.
Jacinto Lucas Pires lembra, por seu lado, que “há uma guerra em câmara lenta há cinco anos” e diz que “a estratégia da Rússia é a do facto consumado contra o Direito Internacional. Começou com a anexação da Crimeia e agora vai em crescendo”.