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“Há um momento em que a realidade é mais forte do que os unicórnios imaginados"

João Duque

“Há um momento em que a realidade é mais forte do que os unicórnios imaginados"

19 dez, 2023 • André Rodrigues , Olímpia Mairos


O comentador da Renascença analisa o desfecho do primeiro "unicórnio" português que chegou a valer mais de 21 mil milhões de dólares

“Há um momento em que a realidade é mais forte do que os unicórnios imaginados por toda a comunidade de investidores”. É desta forma que o comentador da Renascença João Duque analisa o desfecho da Farfetch, uma empresa de venda online de moda de luxo, do português José Neves, que chegou a valer mais de 21 mil milhões de dólares, foi salva da falência pela sul-coreana Coupang.

No seu habitual espaço de comentário d’As Três da Manhã o economista lembra o problema surgiu “especialmente quando esta empresa começa a diversificar imenso, começa a ir para lojas físicas, começa a diversificar atividades e não há resultados que se consubstanciem em dinheiro que se possa libertar e pagar as dívidas que se vão vencendo”.

Também “a incapacidade, talvez, de antecipar aquilo que são dificuldades por parte do José Neves, que é uma pessoa que tinha uma percentagem que não proporcional ao capital que tinha na empresa - e sendo ele o pai da empresa - ter dificuldade em fazer cortes antecipados ou cedo (e são duros de fazer!) face a determinadas áreas da empresa ou pessoas, etc.”, acrescenta.

Questionado sobre se o desfecho deste caso da Farfetch faz alguma justiça a outras empresas que criam riqueza e geram bons empregos, como é o caso da Autoeuropa, João Duque assinala que “basicamente, é contrastar empresas mais industriais, tradicionais, da chamada ferrugem, versus esta nova economia do digital”.

“Muitas vezes, é feita uma sobredimensão e sobreexpetativa daquilo que são negócios que, à partida, até poderiam ser interessantes, mas, depois, não se concretizam, nomeadamente na margem que estes produtos libertavam para o negócio digital. Produtos de luxo com muito valor acrescentado por peça vendida podem dar ao proprietário da marca valor, mas não ao distribuidor, ao canal que era o caso”, conclui.

O primeiro "unicórnio" português chegou a valer mais de 21 mil milhões de dólares. Há menos de três anos, a Farfetch atingia o topo, com cada ação a valer 73 dólares e 80 cêntimos. O mundo estava a meio da pandemia, anos dourados para a empresa, com a população retida em casa e muito dependente do comércio online.

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