07 jan, 2025 • Sérgio Costa , Olímpia Mairos
O comentador da Renascença João Duque diz que os problemas de trânsito dependem de “vários fatores” e que a sua resolução passa “por muitas medidas, nomeadamente as culturais”.
No comentário aos dados do relatório de uma empresa de análise de mobilidade e transporte, a INRIX, que indicam que o trânsito de Lisboa custou 60 horas em 2024 e que o Porto foi a cidade onde a situação mais mais piorou, o economista assinala que as medidas culturais - os padrões de comportamento, os hábitos - “são mesmo muito difíceis de modificar”.
Isto, porque, segundo João Duque, “estamos a comparar, tipicamente, aquilo que é o aparente conforto de sairmos de casa, entre sentarmo-nos num automóvel, num espaço privado, onde temos até algumas coisas”, (…) com o desconforto que é caminhar ou ir, nem que seja do estacionamento, onde deixamos o carro, até à estação de comboio ou de metropolitano, e depois mudar para outra linha”.
“Para combater isto, é preciso um esforço enorme, alteração de mentalidades e também medidas muito fortes, muito penalizadoras”, destaca.
Questionado sobre se o problema não reside também na deficiente oferta dos serviços públicos de transporte, Duque diz que o “problema não estará ai”, admitindo, no entanto, que, “quando a oferta é má, e quando nós tentamos entrar num comboio ou metropolitano completamente apinhado de pessoas, e é altamente desconfortável”, tendemos a afastar-nos do serviço.
No seu espaço de comentário n'As Três da Manhã, Duque insiste que "há medidas que têm sido implementadas”, exemplificando que “na semana passada” utilizou, pela primeira vez, “aliás, várias vezes, o bilhete que não existe - entrarmos numa estação metropolitana e pormos o nosso cartão de débito multibanco e passamos o trinco”.
“E fiquei absolutamente maravilhado com o facto de já usarmos aqui o que eu já tinha experienciado, por exemplo, em Bolonha, quando entrei num autocarro e me disseram que não era preciso bilhete, era só entrar e encostar o meu cartão. Eu até foi a primeira vez que usei, fiquei de boca aberta, é só passar o cartão e pronto, já está”, diz.
Para João Duque “essas medidas conjuntas com muitas outras, fazem parte da solução, para além de, claro, educar as pessoas e penalizar os utilizadores”, indicando, por exemplo, que “Nova Iorque vai estabelecer agora uma portagem de entrada que varia com a hora do dia”.
“É fortíssima a penalização. Quem quiser ir, para além de entrar, tem que estacionar e o estacionamento é inadmissível fora dos locais e incomportável”, completa.