30 jan, 2025 • Sérgio Costa , Olímpia Mairos
O comentador da Renascença João Duque defende que o BCE deve ser mais prudente na descida das taxas de juro.
O Banco Central Europeu deve anunciar esta quinta-feira um corte nas taxas de juro de 25 pontos base, continuando a trajetória de redução iniciada no ano passado, mas o economista aconselha prudência, tendo em conta a instabilidade com a chegada de Trump à Casa Branca.
“Ainda ontem, a Federal Reserve parou esse movimento de baixas. Eles vinham dos 5 e picos, já estão nos 4, e pararam por este período, porque estão à espera daquilo que são os impactos das decisões de Trump”, aponta.
"Na Europa, não estamos à espera diretamente dos impactos do Sr. Trump, mas estamos, indiretamente, à espera dos impactos do Sr. Trump”.
“É por isso que eu tomaria precaução até porque a inflação não está a descer como estava”, justifica.
No seu espaço de Comentário n’As Três da Manhã, Duque diz mesmo que “não ficava muito admirado, se se mantivessem as taxas, tal como estão, por mais um período de tempo”, tendo em conta que a próxima reunião do BCE é a 6 de março, e “nessa altura, teriam, então, a oportunidade de ver o tempo mais claro”.
“Neste momento, para mim, está tudo muito, muito cheio de pó no ar”, completa.
Questionado sobre o fenómeno que tem levado a um aumento inesperado de procura de ouro pelos americanos, João Duque diz que têm acontecido “transferências massivas de ouro, centenas de toneladas de ouro têm migrado, fisicamente, daquilo que são os cofres em Londres para os cofres americanos, porque muitos americanos decidiram investir em ouro, pela instabilidade que prevêem e pela segurança que o ouro lhes tem transmitido”.
“O ouro, num ano valorizou-se a 40%, isto é uma coisa que é muito difícil de perceber, sem termos em conta aquilo que são as expectativas de incerteza americana, com uma aposta muito forte de gente que quer mesmo o ouro ali debaixo do colchão”, assinala.
Sobre se tem alguma consequência para os europeus, Duque diz que “é só sair o ouro e vê-lo entrar nos americanos, porque eles pensam que o ouro pode ser também sujeito à tributação que se prevê em todas as importações americanas”.