13 fev, 2025 • Sérgio Costa , Olímpia Mairos
Privatizar apenas 49% da TAP - como admitiu o ministro das Infraestruturas - “depende do João Ratão”, diz o comentador da Renascença João Duque.
O economista alude ao conto tradicional português e faz o paralelo com a Carochinha que chega à janela e pergunta quem quer casar com ela. Neste caso é a TAP que “admite que vem dar sinergias e vem juntar forças às suas fraquezas, para criar um grupo ainda melhor e mais robusto”.
“Portanto, depende desse tal João Ratão estar ou não interessado”, assinala.
Questionado sobre se entre os Joões Ratões que poderão estar interessados na companhia aérea, 49% será um negócio apetecível, Duque diz que “nestas coisas os acordos pré-matrimoniais agora são muito valiosos”.
“Depende daquilo que se possa fazer, como um acordo parassocial entre dois acionistas, que é o acionista-Estado e o novo acionista que seria o novo dono e para além de alterações que se possam fazer aos próprios estatutos ou alteração de parte do capital em ações, por exemplo, sem voto, etc.”, explica.
No seu espaço de comentário n’As Três da Manhã, Duque salienta que “há muitos detalhes que se podem trabalhar mesmo num enquadramento que aparentemente não é muito interessante para quem compra, sabendo que os 51% estariam na mão de um Estado que é, digamos, orientado por critérios políticos, etc, que terá mais dificuldade a tomar decisões que possam impor algumas dificuldades, até aos trabalhadores”, acrescenta.
Já do ponto de vista do Estado, na visão de João Duque, fará sentido ficar com 51% ,“se alienasse outra parte, por exemplo, em mercado, em Bolsa, perdendo a maioria, deixando os 49% para um investidor que, claramente, maioritário e deixando que pequenos investidores pudessem juntar-se a esse projeto, mas este projeto tinha que ser interessante, não pode ser um projeto desastroso”.
“Seria interessante, desde que a TAP tenha condições para se apresentar ao mercado em condições de robustez e de interesse económico e financeiro futuro, diferentes daquilo que tenha sido o passado”, destaca o economista, insistindo que depende um bocadinho do tal João Ratão, dos acordos parassociais e daquilo que o Estado quer fazer com os 51%”.
No entanto, Duque avisa que “é muito perigoso ficar com 51% no estado atual, porque alterações políticas, orientação estratégica no próprio Governo e na cor política do Governo, podem alterar completamente e, portanto, isso é muito desatrativo, mas, como digo, depende do parassocial”.