10 abr, 2025 • Sérgio Costa , Olímpia Mairos
O comentador da Renascença João Duque diz que Trump fez uma pausa nas tarifas porque percebeu que lhe pode correr mal.
“O que o senhor fez foi uma experiência que, poderia dizer-se, era uma experiência com uma lógica e enquadrada com várias medidas. Não parece que isso se esteja a verificar. As medidas não fazem muito sentido para aquilo que seriam os desejos da administração Trump e, portanto, com este cataclismo, o que verificamos é que o dano parece ser muito maior do que o benefício que aparentemente teria e, agora, há que salvar a face”, destaca no seu espaço de comentário n'As Três da Manhã.
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Duque antecipa, por isso, que a administração Trump vai negociar com os países e vai baixar significativamente aquilo que seriam as tarifas.
“Não é rever, não é baixar, eu já não sei as palavras… Para mim, não me interessa. Neste momento ele subiu 10%. Pode até ficar satisfeito, achar razoável, porque, neste momento, o que é facto é que os mercados recuperaram basicamente o que tinham perdido, apesar de tudo com 10% de taxa, sobretudo nas importações de todos os países”, observa.
Na visão de João Duque, Trump, de alguma forma, já “conseguiu impor uma certa redução provável no consumo de alguns produtos, sem muita lógica, como aqui já falamos; mas, de qualquer das formas, já conseguiu alguma coisa, sem que aparentemente tenha feito um dano muito grande”.
Questionado sobre o porquê do aumento das tarifas à China, Duque diz que Trump tinha de arranjar “um pólo de alguma concentração de apoio, acho eu, do ponto de vista político e do ponto de vista social, para ele ter um certo apoio, porque a China, para ele, e do ponto de vista ainda da nossa mentalidade, ainda representa o outro lado”.
“O chamado inimigo público, porque toda a gente, seria um bocadinho, ou pelo menos os apoiantes dele estariam a perder a confiança nele, agora atiram-se, digamos assim, para o lado contra a China, e acham, com certeza, muito bem”, assinala.
João Duque destaca ainda que “a China estava a ser o símbolo da estabilidade do comércio e das relações internacionais. Nós sabemos que podemos contar com a China por centenas de anos, vejam o exemplo de Macau. Os chineses quando fazem um acordo, ‘é para sempre’; revisões unilaterais, não são normalmente resultados de políticas chinesas, e, portanto, é um absurdo”.
A concluir, o economista diz que está “para ver se alguém ganhou muito dinheiro e sabendo de antemão que iam repor ou iam adiar a imposição de tarifas para beneficiar os mercados”.